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Os perigos das Marcas Registadas

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Nos últimos dias, o pão de ló de “ovos moles” foi classificado como marca protegida, o que restringe a sua produção de forma significativa em termos nacionais. É necessário compreender até que ponto, a circunscrição da produção de um bem como o pão-de-ló de ovos-moles ou inclusivamente a rabanada poveira, não podem limitar o potencial de crescimento da marca Portugal, além-fronteiras, perpetuando a manutenção de um monopólio, que por e simplesmente não se justifica. No caso, do vinho do porto, é perfeitamente natural que exista uma demarcação formal do território, uma vez que a produção vinícola noutra área, que não o Douro deterioraria a qualidade do produto, ou seja, existe uma forte relação entre o bem e o território. Porém, o mesmo não se aplica ao pão-de-ló de ovos-moles, à piza napolitana, à francesinha portuense ou a cataplana algarvia, sendo certo que a sua confecção fora da região demarcada, não altera em nada a sua qualidade e apenas contribui para minimizar o seu potencial de crescimento e expansão. Vários economistas defendem que estas protecções constituem um dos motivos pelos quais, as economias do sul da Europa, como Portugal ou Itália, com excelente tradição gastronómica (entre outras), não são capazes de construir uma única multinacional associada ao sector. A criação de feudos ou monopólios tende a reduzir a inovação, criatividade e qualidade dos bens, assim como, o aumento dos seus custos para os consumidores. Importa, escolher com cautela a forma como defendemos as “marcas” e “valores” nacionais, assegurando que não se coloca em causa o livre funcionamento da economia.

 

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