Numa cidade dos EUA, em virtude dos graves problemas financeiros, decidiu-se reduzir de forma significativa o investimento público, o que levou a gestão do município a poupar 30 000 dólares na aquisição de material para a limpeza das condutas da rede de transporte das águas. Esta situação levou a que a água estivesse altamente contaminada incentivando a propagação de inúmeras doenças e a custos que poderão chegar aos mil milhões de euros. O que aconteceu nos EUA é o reflexo da perspectiva de curto prazo, que geralmente está associado às poupanças estatais. Esta situação é um alerta para o governo português, que na ânsia de cumprir a metas orçamentais, sem quebrar os acordos com os partidos mais à esquerda, opte pela redução do investimento público em áreas como a manutenção de infra-estruturas e vias de comunicação, o que poderá ter pesados custos a médio e longo prazo. Situação idêntica verificou-se recentemente na saúde, com poupanças de custos irreflectidas, como o corte nos gastos com os programas de prevenção de doenças ou a redução do número de enfermeiros. A médio prazo o crescimento do número de doenças acabará por agravar os custos com a saúde e o aumento do número de doentes obrigará à contratação dos serviços hospitalares privados em alturas de pico de procura, muitas das vezes pagando valores totalmente injustificados.
