Blogue Insónias

Investimento Público e Fundos Comunitários

 

Os dados publicados pelo INE indicam que 80% do investimento realizado em Portugal provem de fundos comunitários, um valor duas vezes superior ao que se verifica na Grécia, 4 vezes superior ao Espanhol e 8 vezes superior ao Irlandês. Situando-se bastante longe da média da União Europeia, que ronda os 14% do investimento total. O que nos deixa particularmente dependentes dos fluxos financeiros europeus e nos retira capacidade negocial junto das instâncias europeias, em sectores estratégicos como a agricultura, as pescas ou a política alfandegária. Ficamos ainda a saber que o investimento público caiu cerca de 60%, desde a chegada da troika a Portugal, atingindo actualmente um dos valores mais baixos de sempre. Esta situação é muito preocupante, uma vez que os efeitos multiplicadores da intervenção pública na economia são extremamente importante e ajudam a promover a competitividade através da construção e modernização de infra-estruturas, da aposta na formação profissional e no apoio à utilização de moderna tecnologia. A título de exemplo, veja o caso da Barragem do Alqueva, os efeitos da sua construção foram notáveis e conseguiram impulsionar a produção agrícola de toda a região, tornando-a atractiva inclusivamente ao investimento estrangeiro. Além disso, com a redução do investimento público, uma parte significativa dos fundos comunitários não são utilizados, sendo posteriormente devolvidos à União Europeia, perdendo Portugal a oportunidade de potenciar os seus recursos endógenos. Relembre-se que os fundos comunitários constituem um instrumento complementar e não substituto do investimento público, sendo uma forma ou um meio para realizar projectos que de outra forma não poderiam se concretizar, por ausência de financiamento. Importa por isso, fazer um esforço para os utilizar correctamente.

Gosto(3)Não Gosto(0)
Exit mobile version