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A influência da televisão na política e cultura (I)

televisão

Tomei a decisão de abordar a influência da televisão na política e na cultura na sequência da ” sui generis “campanha eleitoral do Professor Marcelo Rebelo e da sua eleição como Presidente da República Portuguesa. Esta abordagem será feita ao longo de diversos capítulos atendendo que pretendo fazer uma análise exaustiva e profunda sobre esta temática.

As primeiras emissões regulares de televisão aconteceram na Alemanha a 23 de Março de 1935. Os serviços regulares prosseguiram em Inglaterra em Novembro de 1936; em Maio de 1937 em França; na União Soviética em 1938 e nos Estados Unidos da América em Abril de 1939. Em Portugal, as emissões regulares surgiram apenas a 7 de Março de 1957. Por sua vez, a 6 de Outubro de 1992, com a liberalização da lei portuguesa de televisão, chega, com o aparecimento da SIC, a primeira emissão do primeiro canal privado português.

Ao longo deste anos a televisão deu novos mundos ao mundo, abriu janelas a quem as tinha fechadas, dando origem a novos modos de vida e novas formas de ser. A televisão mudou muita coisa, porém não é liquido que tenha sempre mudado para melhor.

A televisão conquistou o seu espaço. No mundo ocidental alcançou na população taxas de penetração próximas dos 100 %. Assim, tornou-se num negócio de milhões e adquiriu, hoje em dia, um poder demasiado vasto no seio da democracia. A decorrente e inevitável concorrência pelas audiências neste sector, acabou por trazer inúmeros perigos para diversas áreas como a arte, a literatura, a ciência, a filosofia, o direito e a vida política.

Neste âmbito, uma das questões importantes a analisar é a forma como é feito o acesso à televisão. Este está relacionando muitas vezes com os vários tipos de censura e com a perda de autonomia por parte de quem aceita participar em programas de televisão, que se traduz, por exemplo, na limitação do tempo e na imposição dos temas e das condições da comunicação. Em relação às censuras, que recaem não só sobre os convidados, mas também sobre os jornalistas, Bourdieu  refere  dois  tipos: as censuras políticas e as censuras económicas. Quanto às primeiras, Bourdieu, considera que estas podem exercer-se “(…) através das nomeações para os cargos de direcção” (Bourdieu, 1997). Um exemplo concreto e recente das ligações perigosas existentes entre os media e a política, foi o caso Sílvio Berlusconi. Este homem que chegou a primeiro-ministro de Itália era, simultaneamente, aquele que controlava o maior grupo de televisões e de jornais em Itália.

Em simultâneo, existe um cenário de grande precariedade no que respeita às profissões ligadas à televisão que, segundo Bourdieu, conduz a um conformismo político. Nas palavras do mesmo: “As pessoas conformam-se através de uma forma consciente ou inconsciente de autocensura, sem que sejam necessárias chamadas explícitas à ordem.” (Bourdieu, 1997). ( Cont. )

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