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O papel dos novos partidos políticos no futuro de Espanha

Na passada sexta-feira o El PAIS publicou uma sondagem da Metroscopia que coloca o Ciudadanos de Alberto Rivera e Inés Arrimadas como o partido mais votado, em Espanha, com 28,3% claramente à frente do PP de Rajoy e do PSOE de Pedro Sánchez. Nesta sondagem os novos partidos – Ciudadanos e Podemos – somam mais intenções de votos que os tradicionais PP e PSOE.

Existem várias razões para explicar esta tendência ascendente do Ciudadanos. Em primeiro, o seu excelente resultado nas recentes eleições na Catalunha. Os eleitores perceberam que o Ciudadanos, o partido mais votado sob a liderança da jovem, bonita e inteligente Inés Arrimadas, foi o único a enfrentar com sucesso o desafio da independência. Este resultado eleitoral projectou o Ciudadanos em toda a Espanha como um partido vencedor.

Em segundo lugar, transpareceu para muitos eleitores, que o Ciudadanos é o único partido que tem um projeto claro para a Espanha, apesar da ausência de explicações do que é que isso significa. Em terceiro, fica a ideia que começa a firmar-se um desencanto dos espanhóis com os partidos tradicionais minados pela corrupção e simultaneamente incapazes de oferecer novas soluções para os problemas do País.

Ao mesmo tempo é crescente uma indignação com as instituições também afectadas pela inércia e pela corrupção que não conseguem dar resposta aos reais problemas das pessoas. Na verdade, o crescimento do Ciudadanos deve-se sobretudo à capacidade de atrair eleitores anteriormente mais próximos do PP e PSOE.

Por fim começa a desaparecer o medo instalado em muitos eleitores conservadores, que nas últimas eleições votaram no PP para evitar a chegada ao poder do Podemos de Pablo Iglesias. E neste caso talvez o exemplo da nossa ” geringonça” tenha contribuído para a tranquilização dos eleitores espanhóis.

Hoje o que vive Espanha não é muito diferente do que vivemos em Portugal com os partidos políticos e as instituições paradas no tempo e minadas pela corrupção. O exemplo da evolução do panorama político em Espanha deveria servir de alerta importante para os partidos políticos tradicionais em Portugal mas simultaneamente de incentivo para uma sociedade civil que deverá ser mais actuante e interventiva porque nada é imutável na vida. Vale a pena acreditar que seremos, sempre, nós os cidadãos, a definir o rumo que pretendemos dar ao nosso País.

Paulo Vieira da Silva

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