No fim de semana passado e mantendo uma tradição que acompanho há mais de vinte anos desloquei-me à Escola de Folgoso e uma conversa mantida com um Munícipe fez recordar o que foi e o que é a educação em Castelo de Paiva.
Estávamos no final da década de quarenta do século passado, quando se deu início à ampliação da Escola de Folgoso, constituída na época por uma única sala, e uma dependência na parte de traz do terreno que era a casa da professora. A primeira sala de aulas daquele lugar foi construída num terreno oferecido pelo Sr. Alfredo Vieira Guedes, um empresário paivense, um grande benemérito do concelho (recorde-se que a ele muito se deve a construção do chamado Externato Vieira Guedes).
Poucos anos depois a primeira escola teria mais dois pisos e mais três salas. Folgoso vivia tempos de grande fulgor, com famílias numerosas, e com emprego masculino garantido na Empresa Carbonífera do Douro (ECD), aliás é a própria empresa mineira que suporta os custos de ampliação do equipamento escolar atrás referido.
Não faltavam alunos e a Escola receberia com esta ampliação, um total de quatro professoras, duas funcionárias (hoje designadas assistentes operacionais), e mais de oitenta alunos, tantos quantos nasceram no concelho todo no ano de 2021.
No final da década de oitenta, havendo necessidade de dar resposta à existência de muitas crianças no lugar de Folgoso, o Executivo liderado pelo Dr. Antero Gaspar, constrói um jardim infantil junto ao edifício do primeiro ciclo, que para além de crianças que ultrapassavam e muito, o número mínimo legal (20), tinha uma educadora e uma assistente operacional. Anos mais tarde, no mandato 2005-2009, ao qual presidi, são feitos arranjos no interior e telhado deste equipamento e muitas ainda eram as crianças que o frequentavam.
Entretanto mantinha-se em atividade o edifício principal, com várias turmas ao nível do primeiro ciclo, tendo sido, no início deste século, um dos executivos aos quais presidi, efetuou uma intervenção ao nível de substituição de toda a caixilharia existente (a madeira deu lugar ao alumínio), o chão levou pavimento em cortiça, os wc foram beneficiados e a escola foi pintada.
No ano letivo 2009/2010, a Escola e o Jardim de Infância de Folgoso ainda funcionavam com muito dinamismo. Passado uns anos, por falta de alunos, encerrou o jardim infantil e posteriormente a escola do 1º ciclo. A escola e o edifício do jardim infantil, mantem-se desde a primeira hora, no património municipal, mas encontram-se há poucos anos cedidos à União de Freguesias da Raiva, Pedorido e Paraíso, que ali viu posteriormente ser ministrados cursos de formação profissional.
Hoje sem a dinâmica do passado, Folgoso, continua a fazer parte da região do Couto Mineiro, onde em 2021 nasceram apenas 13 (TREZE) crianças. Significa isto que no ano letivo, a iniciar-se em 2025, somente 13 crianças frequentarão TODAS as Escolas do 1ºciclo atualmente existentes nas extintas freguesias da Raiva, Pedorido e Paraíso.
Este é só um exemplo, porque infelizmente é a realidade que temos numa grande parte do território Paivense, registando-se apenas uma exceção na sede do concelho. Os números são demasiado preocupantes. Andamos há muito tempo a empurrar o problema para a frente.
Desde 2021, que em diversos fóruns, (Conselho Geral do Agrupamento de Escolas de Castelo de Paiva, Conselho Municipal da Educação, na Associação de Pais e Encarregados de Educação e na Assembleia Municipal) solicito que se faça um debate profundo e urgente, sobre “que futuro pretendemos para a educação concelhia, que rumo queremos seguir e a necessidade imperiosa de efetuarmos o reordenamento da nossa rede escolar”. A nossa Carta Educativa foi aprovada em 2007, há muito deveria ter sido revista.
Amanhã pode ser tarde, para fazer o que ainda não foi feito.
Castelo de Paiva, 29 de Janeiro de 2023