Blogue Insónias

A ética e o rigor no jornalismo começa a ser raro… VAI UMA APOSTA?

A recente situação do caso das apostas ou aposta, num jogo da Liga NOS, pôs a nú um fenómeno cada vez mais presente e preocupante na realidade social e, mais precisamente, na comunicação social. O alarmismo é avesso à ética e ao rigor.

Não o refiro porque me diz respeito, pelo cargo que ocupo num dos Cubes visados, nem tão pouco por necessitar de defender a honra. A consciência tranquila não se “compra” em textos, conquista-se em actos.

Já muitos se aperceberam que as redes sociais se tornam, cada vez mais, um tribunal rápido (e pouco assertivo) em ditar sentenças e julgar pessoas. Mas, também no jornalismo se vive uma autêntica revolução e que não se compadece dos bons costumes. Seria um assunto, não para uma crónica, mas até para uma dissertação académica.

As plataformas digitais obrigam a uma busca imediata do acontecimento e à sua divulgação. O problema é que nesta busca frenética de notícias, escrevem depressa (para ser o primeiro a dar a notícia) e só depois (algumas vezes) investigam.

Ou seja, o que importa é dar “uma caixa” primeiro, de preferência que seja daquelas com muito “sangue” e escândalo. Não importa se na noticia publicada estamos a traçar juízos de valor ou a expor erradamente alguém ou alguma instituição ao julgamento sumario da mesma opinião pública que tanto gosta de ser juiz sumário nas outras plataformas digitais e sociais.

Já nem me vou debruçar sobre o facto de as “redações” dos on-line, estarem a ser ocupadas por profissionais, em início de carreira ou estagiários, pressionados e a quererem impressionar. (Vejam os casos, cada vez mais comuns, em legendas com erros, ou das fotos sem nexo com o texto etc…)

Vamos ao que interessa: O Departamento de Jogos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa decidiu suspender as apostas de um jogo no “Placard”, sendo replicado pelas outras duas casas de apostas.

Supostamente o volume das apostas no jogo era demasiado elevado e ultrapassava o valor do prémio que o operador poderia pagar. Esta foi a primeira informação veiculada. Mas, o que aconteceu na imprensa?

Começaram a surgir as noticias, todas, dando conta da suspensão das apostas no jogo… porque supostamente o resultado estaria viciado ou manipulado.

Onde está a diferença?

A pressa de dar conta de um alegado escândalo levou a que ninguém se questionasse previamente o Porquê, o Onde, o Como, o Quando… o que contava era a suspeição de resultado manipulado.

Pelo meio ficava a demora das explicações da Santa Casa e a honra de jogadores e árbitros de uma partida de futebol. Recordo, isto a poucas horas de se realizar o jogo.

A prova do alarmismo desmedido, que não tem ética e rigor é que, dias depois do sucedido, multiplicam-se as teorias e as hipóteses à volta do que realmente aconteceu.

Ninguém sabe ao certo se foi um chinês ou uma, ou mais. Ninguém sabe ainda se foi na Póvoa de Varzim ou na “cochinchina”, ninguém sabe se a Santa Casa seguiu indicações da entidade europeia, ou se “alguém meteu a pata na poça e fez asneira”, se foram 100 mil ou meio milhão, ou até 50 mil euros…. o que apenas quiseram noticiar, era que o jogo estava “comprado” e por consequência alguém estava vendido.

A dignidade dos envolvidos???… essa não cabe nas linhas dos jornais, nem a investigação e a procura da notícia combina com a celeridade de dizer qualquer coisa… mesmo que não seja verdade.

Agora respirem fundo e investiguem como bons jornalistas. É o que devem fazer e bem, mas não se esqueçam que tentaram devassar alguém só para serem os primeiros a dizerem um monte…. asneiras ofensivas e descabidas.

(nota: todos os meus textos não seguem o Acordo Ortográfico por opção e liberdade de escrita).

 

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