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País sem oposição

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Não vou comentar o arrevesado de palavras que Pedro Passos Coelho disse na “festa” do Pontal, que afinal se realiza na Quarteira e recorre a autocarros e jantar pagos pelas distritais para “incentivar” a militância.

Mas há sete coisas que são claríssimas para toda a gente:
 
1. PPC não tem nada para propor aos portugueses: isso é por demais evidente se atentarmos aos seus “discursos”. Não é falta de preparação, nem improviso: o homem pura e simplesmente não tem nada para dizer ao país para além da lenga-lenga da catástrofe iminente.
 
2. O PSD está totalmente esvaziado de programa, de ideias e de propósito. Não há uma única mensagem de esperança no futuro, algo que aponte um caminho e uma agenda de reforma.
 
3. Um partido como o PSD – que não estivesse preso ao dia 4 de Outubro de 2015 – já deveria ter um Governo Sombra devidamente constituído, com liderança capaz, que fosse o motor de uma oposição competente, pela positiva, esclarecida e geradora de uma agenda de mudança. Aliás, o Pontal de 2016 deveria ter servido para isso mesmo: apresentar esse Governo Sombra, como resultado da ação do partido nos meses a seguir às eleições, e mostrar a alternativa que apresentam aos portugueses.
 
4. Em vez do cenário de catástrofe, diariamente oferecido por Pedro Passos Coelho, essa estratégia seria um cenário de alternativa, meticulosamente construído e preparado para poder ser agregador de vontades e entusiasmo. Em vez disso, PPC oferece 30 minutos de rabiscos num papel e muitas ameaças de nuvens negras. Confrangedor.
 
5. Quem perde a confiança dos portugueses não apela à desgraça, mas antes prepara-se melhor, renova-se e apresenta uma alternativa credível.
 
6. Infelizmente para o país – porque qualquer Governo precisa de oposição eficaz – não existe um cenário de alternativa. E porquê? O PSD não é capaz de a constituir, não é capaz de formar esse Governo Sombra, não tem gente credível, reconhecidamente competente, com experiência da vida, reconhecidamente independente e focada no interesse nacional que esteja disponível para formar um Governo de qualidade. Nem tem capacidade de a atrair porque, neste momento, o PSD é “Pedro Passos Coelho e sus muchachos”, unidos pela grande mágoa de terem perdido o poder e radicalmente concentrados em construir a imagem do líder profeta e mártir, vilmente derrubado pelo mal (a geringonça), mas que tudo previu e tudo tinha planeado. Mas também, e essencialmente, porque a quantidade de asneiras, opções e mensagens erradas que o PSD transmitiu nos últimos anos é tão grande, que seria impossível construir um discurso diferente sem ser diariamente bombardeado por mensagens contrárias ditas no passado recente. Um partido à deriva.
 
7. Uma crise profunda no PSD é, aparentemente, inevitável e terá consequências muito sérias (PASOK?).
 
O espaço aberto vai ser ocupado. Como é que isso vai acontecer ainda estaremos para ver, mas não ficará o vazio.
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