Há mais de um ano escrevi num artigo sobre política nacional que em Portugal, após 40 anos de democracia, tinha acontecido algo que iria mudar totalmente a governação do país.
Foi no dia em que Cavaco Silva, contrariado mas obrigado, empossou o governo PS de António Costa viabilizado pelos partidos á sua esquerda.
A ” Geringonça ” era algo que se via sempre como impossível e, não havendo maiorias na AR a solução passava pelo CDS, ora estando ao lado do PSD ou do PS.
Passados 2 anos sobre o comando de António Costa, o povo português mostra satisfação, algo que se vai notando nas diversas e contínuas sondagens e nos resultados das últimas eleições autárquicas.
O povo português já não vê os comunistas a comerem criancinhas ao pequeno almoço nem os bloquistas a pintar paredes e pouco mais.
Já não há Uniao Soviética, os Chineses andam por cá e tão amparados foram pelo anterior governo, a Coreia do Norte nada nos diz…
Veem que nesses partidos há pessoas muito válidas, altamente responsáveis e que ultrapassaram o pecado de considerarem durante 40 anos o PS como seu principal inimigo.
A dita direita anda assustada por ver que afinal a esquerda unida tem uma maioria significativa no panorama político nacional.
E mais assustada está por sentir que as divergências que se notam nos partidos da “Geringonça” não são impeditivas de apoio ao Governo.
A CHEGADA DE RUI RIO
Rui Rio após ter derrotado com alguma dificuldade os seus adversários dentro do partido, assumiu há dias a liderança num Congresso que venceu mas não convenceu.
Como há dias disse num artigo escrito nesta mesma página e intitulado ” Congresso do PSD/PPD” não concordei com a demagogia da procura da paz que se notava não existir.
Rui Rio devia ter afirmado logo no Congresso ao que vinha dando logo, à nascença, mais força e ânimo aos seus apoiantes que serão certamente maioritários no partido.
Alterou a sua posição na escolha do seu núcleo duro. Aí não pensou na paz mas sim na eficácia.
Rui Rio sabe que é no centro esquerda que tem de ganhar votos, esses votantes que se sentiram lesados com a política de assalto aos seus direitos que o anterior governo lhes moveu.
Rui Rio sabe também que a macro economia e as finanças estão comodamente estáveis com o governo de Antonio Costa.
Fez bem em abrir as portas do seu partido a uma eventual negociação em relação a altos assuntos de estado sempre independentes das diversas legislaturas.
Está neste momento a decorrer a votação para lider parlamentar pelo que não me vou pronunciar, mas não estando Rui Rio no palco da AR esse facto tem elevada importância.
A ESCOLHA DE ELINA FRAGA
Polêmica sem dúvida…mas inteligente!
Primeiro pelo facto de nestes primeiros dias de actuação como Presidente do Partido se falar mais em Elina Fraga que em Rui Rio o que permite mais tranquilidade “mediatica” ao líder.
Segundo pelo facto de Elina Fraga dizer que a repugna o governo das esquerdas satisfaz a clientela mais conservadora do seu partido.
Terceiro permite a Rui Rio, ao apoiar a sua colega, poder entrar numa negociação com o PS sobre a justiça em Portugal com uma posição de base diferente da era Passos Coelho.
Quarto porque Elina Fraga é uma figura agradável.
FUTURO PRÓXIMO
A revolução interna no partido vai hibernar a nivel nacional só se notando nas conversas de corredor e nas indirectas que se vão lendo ou ouvindo em entrevistas, artigos de opinião ou páginas sociais.
Nos núcleos locais e distritais a guerra vai-se manter pois a disputa eleitoral foi dura e agressiva.
Cabe agora a RUi RIO saber ganhar a guerra ….desta vez ao contrário do normal …
Primeiro tem de ganhar a simpatia do país….e …assim…certamente ….ganhará o seu partido!
Mas ….o tempo é curto …e muito…