Blogue Insónias

Mercado Automóvel de Luxo

transferir (1)

O último trimestre registou um aumento significativo da venda de automóveis, chegando a atingir valores na ordem dos dois dígitos. As publicações evidenciam um forte crescimento das vendas do segmento de luxo devido essencialmente ao número extraordinariamente elevado de veículos vendidos pela marca Jaguar. No entanto, para que conste, a Jaguar, alterou a sua política e o seu público-alvo, criando novas gamas ou modelos de automóveis destinados às classes médias e média-alta, procurando atrair os clientes, que fizeram prosperar, marcas de renome como a BMW e em menos escala Mercedes e Audi. A Jaguar começou a desenvolver unidades com preços substancialmente mais baixos com o objectivo de massificar a produção e obter os ganhas de economias de escala daí decorrentes.

Portanto, a comparação das unidades vendidas pela Jaguar, com marcas como a Ferrari, a Aston Martin ou a Porshe não se justifica e confere uma ideia totalmente errada das opções e dos consumidores portugueses e da dimensão do mercado de luxo em Portugal. Mais preocupante serão mesmo os valores relativamente ao crédito disponibilizado para a compra de carro, que voltou a crescer acima dos 20% e que poderá agravar os níveis de endividamento das famílias. Normalmente, estes financiamentos estão associados a jovens, que possuindo muitas das vezes, empregos mal pagos e a título precário recorrem a crédito para financiaram este tipo de operações. Desta forma, aconselha-se alguma prudência e cautela ao sistema bancário nacional, evitando financiar bens duradouro e o consumo de indivíduos, que não possuem as condições mínimas necessárias para pagar as dívidas e os empréstimos em causa. Parece-me ainda um sinal particularmente preocupante, perceber que o crescimento do consumo, não assenta, como seria aquilo que o governo pretendia, no aumento do rendimento proporcionado pela reposição dos salários na Função Pública ou pela actualização do salário mínimo, mas sim no recurso ao crédito. No final do ano, a nossa balança corrente será o reflexo desta tendência e contribuirá, sob a forma de importações para dificultar, ainda mais as previsões do governo para o crescimento do produto.

 

Gosto(3)Não Gosto(0)
Exit mobile version