Bastou Durão Barroso ser convidado para presidente não executivo da Goldman Sachs, uma das maiores empresas financeiras do mundo, para cá no “quintalzinho” se desatarem de imediato as polémicas do costume!
Nuns casos ao sabor da prática do mais velho desporto nacional( a inveja), noutros ao de azias nunca digeridas, noutros ainda pelos habituais preconceitos ideológicos e houve ainda aqueles que de boa fé e no exercício do direito de opinar discordassem com fundamento em razões que respeito mas não concordo.
Pessoalmente não vejo nenhum problema no assunto.
A Goldman Sachs é uma empresa privada, de dimensão mundial, que convida quem muito bem entende para os seus quadros e a quem paga o que acha necessário para tornar o convite irrecusável e justo em função da importância do cargo.
Durão Barroso foi secretário de estado, ministro, primeiro-ministro de Portugal e líder do maior partido português.
Durante dez anos presidiu à Comissão Europeia.
Tem uma rede de conhecimentos e contactos a nível mundial que tornam o seu contributo desejável para qualquer grande empresa pelas portas que abre e pelo aconselhamento informado que presta em negócios e parcerias a nível internacional.
Deixou o cargo europeu há ano e meio, dá aulas em Lisboa,Genebra e Washington, não tem nenhum cargo político em Portugal ou na Europa que tornasse incompatível o exercício das funções que vai ter na Goldman.
Ao aceitar esta via profissional apenas confirma o que dissera em recente entrevista ao Expresso/Sic sobre não voltar a exercer nenhum tipo de cargo político em Portugal ou em instituições internacionais deixando definitivamente a política.
Onde está,pois,o problema?
Um cidadão livre de compromissos políticos e sem nenhum tipo de incompatibilidade legal não pode aceitar uma proposta de trabalho de uma empresa privada?
É crime?
Viola alguma lei?
Fere alguma incompatibilidade?
Que país este em que alguns não conseguem ver um português ter sucesso internacional!
Acho que Durão Barroso fez muito bem (tal como reconheceu o Presidente da República aliás) em aceitar o convite e iniciar uma nova etapa da sua vida profissional longe da política e afastando-se de um país que ás vezes ainda parece querer ser mais pequeno do que na realidade é.
P.S. Não deixo de achar piada a que alguns que agora espumam de raiva contra a ida de Barroso para a Goldman serem precisamente os mesmos que em épocas definidas (especialmente entre 2005 e 2008) apresentavam o facto de o falecido António Borges ser um dos muitos vice presidentes da empresa como um argumento decisivo para o proporem para líder do PSD e candidato a primeiro-ministro…