Para o bem e para o mal, Paulo Portas marcou a forma de fazer politica e campanha eleitoral em Portugal. Figura incontornável da democracia portuguesa, secou à sua volta toda a oposição dentro do partido que liderou de forma incontestada durante os últimos 16 anos. Soube ser popular junto do seu eleitorado, defendendo temas polémicos e determinadas políticas sectoriais. De linguagem acessível, eloquente e por vezes demagógico, provou ser um exímio líder de oposição, inclusivamente no último governo do qual fez parte, liderando um movimento anti austeridade. Ao longo do seu legado, envolveu-se em várias polémicas como a venda dos submarinos ou a Universidade Moderna e em outras tantas batalhas, das quais, saiu, por vezes vencedor, como no caso da TSU, outras vencido, como na sua disputa pela pasta das finanças e posterior demissão “irrevogável”. Num partido minoritário conseguiu alcançar recordes de votação e fruto da sua destreza negocial chegou, por mais do que uma vez, ao poder, em coligação com o PSD. No governo revelou-se um politico “camaleónico”, o que lhe granjeou inimigos dentro e fora da coligação. Ainda assim fica associado à saída limpa da troika de Portugal, comemorada na sede do partido de forma simbólica com um relógio digital.
Envergando um colete de caçador e um boné de lavrador, calcorreou o país de norte a sul, o que lhe permitiu assegurar o apoio de agricultores e pensionistas, embora no governo não tenha, muitas das vezes, colocado em prática parte do que apregoou em feiras e exposições agro-alimentares. Independentemente do desempenho da nova líder do CDS, haverá sempre um antes e um depois de Paulo Portas no CDS, pois, ele marcou uma era no partido. Inicia agora uma carreira como comentador politico, o que poderá constituir o prelúdio para uma futura “corrida” às presidenciais, sendo certo que será um “fantasma” a pairar sobre Assunção Cristas e toda a direcção do CDS, sujeita todas as semanas, ao escrutínio do seu maior peso politico.