As receitas dos jogos com as raspadinhas constituem a maior fonte de rendimento da Santa Casa da Misericórdia, ultrapassando inclusivamente o Euro milhões. Percorrendo o país de norte a sul, observamos dezenas de aglomerados de pessoas rodeando quiosques ou dentro de cafés, que desbaratando as suas parcas poupanças nesta nova “febre” das raspadinhas, incentivadas pela publicidade, pelas novelas e pela esperança de obterem um pé-de-meia para o futuro. Portugal é hoje um dos países, onde os indivíduos gastam mais em jogos de sorte e azar, com especial destaque para as camadas da população de baixos recursos. Esta tendência verifica-se sobretudo em sociedades com fracos níveis de mobilidade social, elevados índices de desigualdade, sendo as expectativas de obter rendimentos consideráveis pela via do empreendedorismo ou do trabalho extremamente baixas.
O governo deveria reflectir sobre os problemas inerentes ao desemprego estrutural, que levam a que os indivíduos adoptem comportamentos altamente lesivos do ponto de vista social, como o consumo de drogas, álcool e a desenvolver determinados hábitos, que corroem a sua vida familiar. Mais do que um vício, os Portugueses vêm hoje o jogo, como a única via escapatória para fugir à pobreza e miséria e à indigência. Estes sinais não auguram nada de positivo para o futuro do país.