A falta endémica de cuidados intensivos gera mais adiamentos de cirurgias que a greve dos enfermeiros, no entanto isso não causa alarme social nem induz a PGR a apoiar uma requisição civil.
Pelas razões correctas até concordo com Jerónimo de Sousa do PCP quando afirma que o governo deveria proceder a uma “requisição civil” dos hospitais privados!
Os hospitais privados foram ao longo dos anos obtendo licenças estatais (leia-se encorajados pelo estado) para obter uma capacidade instalada que está muito subaproveitada. Faz sentido que proliferem na cidade unidades de cuidados intensivos privadas subaproveitadas quando no serviço publico doentes não são operados por falta das mesmas? Estão os utentes do SNS informados disto?
Se não há dinheiro, e se o doente, não a ideologia, é o centro real do SNS, no melhor interesse do doente , o estado enquanto financiador deve procurar as parcerias mais vantajosos com os privados, seja PPP seja vale-cirurgia. Será licito morrer um doente para preservar uma ideologia? Os doentes querem serviços de qualidade e a tempo e horas seja aonde fôr. Por outro lado, não acredito que existam privados que preferem trabalhar a meio gás com custo de exploração por rentabilizar do que trabalhar a todo o vapor com margens de lucro menor. O estado enquanto financiador e regulador tem a faca e o queijo na mão. Por preconceito ideológico, por inabilidade politica, tem-se demitido dessas funções.
Por um SISTEMA Nacional de Saúde com complementaridade entre publico e privado com circulação REGULAMENTADA e TRANSPARENTE dos doentes e dos profissionais de saúde. Em França, os doentes são operados em hospitais privados com dinheiro publico, enquanto na Alemanha, os doentes são operados em hospitais públicos com dinheiro privado. Serão por ventura democracias menores e com índices sanitários piores que os nossos? Não é a primeira função do Estado proteger e velar pelos cidadãos? Pedrogão, Estremoz têm mostrado que não!
Óscar Alves
Médico Neurocirurgião