O governo pretende introduzir incentivos fiscais para promover a utilização dos transportes públicos para as deslocações diárias sobretudo casa-trabalho. Apesar de considerar a iniciativa extremamente positiva do ponto de vista ambiental, social e económico, parece-me que as empresas de transportes colectivos nacionais continuam a prestar serviços de muito má qualidade, com sucessivos atrasos, percursos demasiado morosos, processos complexos de aquisição de bilhetes, carruagens desconfortáveis, números reduzido de lugares sentados entre outras burocracias e inconvenientes. Veja-se o caso da recente greve dos taxistas. Muitos automobilistas decidiram viajar de metro para evitar as intermináveis filas de transito. No entanto, surpreendentemente perderam mais tempo na aquisição de um simples bilhete de metro, do que no trânsito. Pergunto-me, como é que uma empresa de transportes públicos pretende atrair mais clientes, quando situações deste género ocorrem, aos olhos do grande público. Dito de outra forma, existem custos indirectos, o que leva a que a generalidade dos cidadãos opte pelo automóvel privado.
Como se compreender, para conseguir alterar os padrões comportamentais da sociedade portuguesa é necessário criar transportes públicos que sejam capazes de concorrer em pé de igualdade com o automóvel privado. Existe um enorme trabalho de valorização nesta área, que deveria passar pela renovação dos percursos, simplificação burocrática, melhoria das condições das carruagens e do cumprimento dos horários. Apenas com reformas de fundo, poderemos mudar o paradigma do transporte em Portugal.
