A primeira edição do Rally de Portugal foi para a estrada em 1967, tendo passado seis anos depois a integrar o Campeonato do Mundo de Rallys. Numa primeira fase chamando-se Rally TAP, tendo passado mais tarde a denominar-se Rally de Portugal.
Ainda me recordo dos meus tempos de miúdo, entre os finais dos anos 80 e o início da década de 90, em que dava “ uns tiros “ às aulas para acompanhar, a par e passo, o Rally de Portugal. Desde a Serra da Aboboreira, passando por Fafe, Arganil até à Lousã, para ver os melhores pilotos do mundo a “ comerem “ terra a uma velocidade quase supersónica. Pilotos únicos como Walter Rohrl, Hannu Mikolla, Markku Allen, Michelle Mouton, Miki Biassion, Carlos Sainz, Juha Kankunnen, Colin McRae ou como os portugueses Carlos Torres, Joaquim Santos, Carlos Bica e Joaquim Moutinho.
Era o tempo dos míticos Fiat Abarth, Audi Quattro, Ford Escort RS, Lancia Delta HF Integrale, Ford Sierra RS Cosworth, Toyota Celica e o Subaru Impreza. Os tempos em que o Rally de Portugal foi considerado durante vários anos o ” Melhor Rally do Mundo “.
O Rally de Portugal foi durante muitos anos uma prova única em termos de paixão pelos rallys com um público único, vibrante, que ia para o meio da estrada tentar tocar nos bólides. Mas esta louca paixão colocava em risco os pilotos e o público.
Este misto de paixão e loucura, que chegou a ser responsável por acidentes graves e mortais, levou a Federação Internacional do Automóvel, a retirar o nosso Rally do calendário automobilístico mundial.
Entretanto, em 2007, o Rally de Portugal regressou ao WRC tendo como cenário as estradas do Algarve
Após vários anos a percorrer as estradas do Alentejo e do Algarve o Rally de Portugal regressou em 2015 ao Norte do País.
Este regresso do Rally ao Norte de Portugal acarretou vários riscos sobretudo ao nível da segurança porque não existe, para o bem e para o mal, público tão vibrante como o nortenho. E a este nível o Rally de Portugal tem que ser exemplar porque carrega uma imagem negativa em termos de segurança. Felizmente as coisas têm corrido bem.
O futuro do Rally de Portugal depende muito do comportamento dos seus adeptos. Hoje em dia a maioria do público sabe como se deve comportar, porém, ainda existem muitos adeptos que infelizmente não se sabem comportar. E são estes que, em segundos, podem destruir todo o trabalho de uma brilhante organização.
Todos queremos continuar a viver esta paixão e ver de perto, mas em segurança, os bólides a acelerar desde Baltar, passando por Lousada, Ponte de Lima, Caminha, Viana do Castelo, Porto, Baião, Marão, Amarante até Fafe.
Temos uma paisagem natural e uma gastronomia fascinante. Classificativas e troços fantásticos. Um público único. É tempo agora de todos, em conjunto, contribuirmos para que o Rally de Portugal volte a ser o “ Melhor Rally do Mundo “.
Saudades desses tempos!
Nota: Crónica publicada na BIRD Magazine em 21.05.2016