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Santa Eugénia também é Portugal

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Gosto de Santa Eugénia. Terra da minha avó materna. Terra de boa gente, gente simples, humilde, honesta e trabalhadora. Foi em Santa Eugénia que passei parte das minhas férias de Verão na companhia dos meus bisavós e avós maternos. Lembro-me das festas da Aldeia, do reboliço do mês de Agosto, que juntava os meninos da cidade.  Tenho saudades daquela terra, encravada no meio do Douro, no extremo do concelho de Alijó. Mas tenho ainda mais saudades dos meus queridos avós.

Nesta terra linda, onde o tempo passava devagar, fascinava-me ver as portas sempre abertas, francas como as suas gentes, onde ainda vivem alguns dos meus tios e primos que não se deixaram seduzir pelo “ charme “ das cidades.

Ontem ao ler um post do meu primo Rui vieram-me à memória estas recordações. Boas recordações.

Mas este mesmo post transportou-me para um outro mundo que nos parece tão distante no tempo mas que continua a ser uma realidade passados mais de 30 anos. É verdade. Algumas coisas continuam iguais.

Os meus primos têm uma empresa agrícola – a Sociedade Agrícola Quinta de Santa Eugénia – onde nascem os melhores vinhos, os melhores espumantes e o melhor azeite do mundo que exportam para o mundo. Investiram na sua terra natal onde criaram emprego, riqueza e acrescentaram prestígio.

Escrevia o Rui que estão fartos de apresentar reclamações. Fizeram-no várias vezes, sempre sem sucesso, junto das mais diversas entidades e instituições, como a ANACOM, o Provedor do Cliente, estabeleceram contactos, junto da Junta de Freguesia e da Câmara Municipal de Alijó, para ajudarem na resolução desta situação que coloca Santa Eugénia fora do novo mundo, o das novas tecnologias, que aproximam mundos.

Todos ouvimos apelos à necessidade de investimento no interior do País de modo a que diminuam as assimetrias entre o litoral e o interior, em nome de uma coesão territorial.

Os governantes que estão instalados na capital que produzem belos discursos a partir de Lisboa, tendo o Tejo como fundo, ainda não perceberam quanto é difícil desenvolver, em algumas zonas do interior do País, uma empresa para a qual enviar um simples e-mail é um grave problema. Parece até inacreditável porque é algo que para nós está à simples distancia de um clique na palma das nossas mãos. Mas é a díficil realidade.

Santa Eugénia está, hoje em dia, a uma hora e meia de viagem do Porto, mas continua simultaneamente tão longe do mundo.

As tecnologias aproximam mundos mas também pessoas.

Pode ser que um governante se cruze com este texto perdido na sua timeline e perceba que Santa Eugénia é também Portugal onde vive gente empreendedora que luta por uma coisa tão simples como poder enviar um-mail ou receber uma chamada através de um telemóvel.

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