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Qual o preço da “Paz Social”?

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O número de pré-avisos de greve (105) baixou cerca de 1/3 em relação ao ano passado (348) e menos 4 vezes do que em 2013 (448). A maioria destes pré-avisos de greve concentra-se essencialmente em sectores “fora” do âmbito sindical, ou nos quais os sindicatos possuem um representatividade muito reduzida, com destaque para os produtores de leite, suinicultores e estivadores. Desta forma, muita da “acalmia” ou “apatia” dos principais movimentos sindicais nomeadamente da CGTP e UGT resultam da renacionalização das empresas públicas de transporte que constituem um dos seus principais bastiões. Muita das greves que assinalaram o período de intervenção da troika estiveram ligadas a estas empresas públicas. Além disso, a reposição dos salários da função pública e sobretudo a apoio do PCP ao executivo socialista permitiram criar esta espécie de “paz social”, que facilita a gestão governativa de António Costa. Porém, geralmente este tipo de “paz social” ou ausência de greves, como Guterres o saberá melhor do que ninguém, possui um preço bastante elevado reflectindo-se na cedência a todo o tipo de reivindicações, que causam danos nas contas do Estado. Apesar da redução das força sindical junto do movimento operário, o que se traduziu na perda de mais de 150 mil associados da UGT e CTGP e da incapacidade de alinhar os interesses da organização com as novas necessidades dos trabalhadores, estes ainda representam determinadas corporações com poder e influência públicas. Desta forma, e sobretudo tendo em conta a fragilidade da coligação eu sustenta o governo, a tentação de ceder a todo o tipo de reivindicações (contratação de mais médicos, professores, enfermeiros, etc) é bastante elevada, o que poderá acarretar consequências graves no médio e longo prazo. A “paz social” é importante mas não é tudo nem pode ser obtida a qualquer preço.

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