A República da Irlanda é considerada um exemplo de sucesso, no que diz respeito à implementação com sucesso do programa de ajustamento da economia, apresentando actualmente uma taxa de crescimento do PIB de cerca de 3,7%. No entanto, numa análise mais rigorosa à economia do “tigre Celta” verifica-se que o PNB, indicador que exclui a riqueza criada pelas multinacionais, manteve-se praticamente estagnado, o que levou a que o desemprego ainda esteja acima dos 10%, e muito próximo do valor que se regista em Portugal. Este resultado é perfeitamente natural, uma vez que uma componente extremamente alargada do crescimento económico Irlandês está associado a grandes multinacionais como a Google, que para beneficiarem de um regime fiscal mais favorável, estabeleceram a sua sede fiscal, na Irlanda, embora o busílis da sua actividade como empresa, esteja espalhado por toda a Europa. Em virtude do descontentamento da população, o resultado eleitoral foi extremamente fragmentado, o que à semelhança de Portugal e Espanha, obrigará à criação de coligações partidárias, que unam ideologias e pontos de vista antagónicos e por isso ao surgimento de governos frágeis. O milagre Irlandês acaba por ser um pouco artificial e a economia real acaba por ser ocultada por dados que, apesar de positivos, escondem uma realidade bastante diferente daquilo que apregoam os dirigentes políticos europeus.