O programa financeiro concebido pelo Estado para apoiar empresas em dificuldades, apresentou resultados decepcionantes, que importa ter em conta para o futuro. As referidas verbas destinavam-se a empresas estruturantes de média dimensão viáveis, que em virtude do atraso dos pagamentos dos clientes, quebras temporárias da procura (crise de 2008), alterações bruscas nas condições de financiamento (aumento da taxa de juro) e da realização de investimentos no exterior, estariam a sofrer problemas de liquidez ou tesouraria. Ao contrário do que seria expectável, as companhias que beneficiaram do programa não eram, na sua grande maioria viáveis, sofrendo de problemas estruturais associados à produção de bens com baixo valor acrescentado/intensidade tecnológica, com uma estrutura de custos completamente inadequada para o nível de procura e para as reduzidas margens afectas ao seu negócio decorrentes dos efeitos da globalização. Veja-se o caso conhecido da Maconde, bastaria uma curta visita de 10 minutos às suas instalações e uma rápida analise ao volume de vendas, para se perceber que a empresa não teria quaisquer possibilidades de sobrevivência, uma vez que possuía uma estrutura produtiva do século passado, assente na produção em série de estilo fordista, incapaz de se adaptar às exigências de um mercado em constante mudança tecnológica e de conceber um produto com valor acrescentado que pudesse superar a concorrência Asiática. Para além do processo de selecção das ajudas ter sido um completo desastre, a ausência de monitorização do Estado é incompreensível, sobretudo através da nomeação de um grupo de gestor/administrador, responsável por implementar e apoiar a execução dos planos de reestruturação. Como seria de esperar, após mais de 10 milhões de euros injectados os resultado são péssimos, o que significa que apenas uma das 5 empresas alvo dos apoios se mantém em actividade. No próximo plano de apoio seria importante estabelecer um processo de selecção que incluísse exclusivamente empresas viáveis (fixando os valores mínimos para os níveis de rentabilidade, fluxos de caixa, passivo etc) e sobretudo integrar na gestão e na administração, representantes do Estado que assegurem a correcta aplicação dos recursos nacionais.
Programas de Reestruturação Financeira
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