Blogue Insónias

«A política é muitas vezes a arte do possível, resta saber se o possível será suficiente».

PM Pedro Passos Coelho

Pegando num original de Otto Von Bismarck, o nosso Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, aquando da comunicação ao país da promulgação do OE2016, coloca todos os devidos pontos nos iiis.

Poderá ser abusiva a interpretação que faço, mas, liminarmente, com uma subtileza que lhe é característica, o nosso PR centrou a essencialidade de toda a vida política só com essa afirmação. I.e., a constante colisão na Pólis entre o possível (necessário e adequado) e o suficiente (adequado e necessário). Como a colisão não se resolve por si só – menos ainda quando o rumo político descamba – não será despiciendo, de todo, que a derivação desse original de Bismarck se molde mais próximo da rotulagem cosmopolita do: «a política é a arte da (des)ilusão».

É precisamente de desilusão, profunda, que hoje escrevo.

É conhecida a minha simpatia por este grande partido português, o PPD/PSD. Inegável, ainda, a simpatia pessoal por Pedro Passos Coelho.

Todavia, reportando-me ao dia de ontem, um dia de especial frenesim emotivo – extrapolado em larga medida pelo Media mainstream que tomou de assalto as nossa vidas – confesso que fiquei indigestamente perplexo perante a tomada de posição do partido. E a omissão de PPC.

In casu, via RR: «“PSD: “imperou o bom senso”. O deputado do PSD Miguel Morgado defendeu esta quarta-feira que no cancelamento de sanções a Portugal por défice excessivo pela Comissão “imperou o bom senso” e, internamente, pôs fim à discussão em torno de 2015.
“Hoje é um dia bom para Portugal na medida em que imperou o bom senso. É uma decisão sensata da Comissão Europeia depois de um processo em que as instituições europeias, também temos de o dizer, não foram exactamente marcadas pela razoabilidade e por esse bom senso que agora, finalmente, imperou”, afirmou Miguel Morgado.»

Ainda que compreenda a bonomia da mensagem, esperava uma afirmação proferida por um dos dois principais players – desde logo pela maior fatia de responsabilidade derivada da posição ocupada por qualquer um deles – do partido, Maria Luís Albuquerque ou Pedro Passos Coelho.
Se é certo que, hoje em dia, depois de tanto disparate quer com a Arrow Global quer com o «(…)Fosse eu a ministra e não estaríamos na mira de sanções», de MLA nada de assinalável espero. Porém, da parte de Pedro Passos Coelho, espero(ava) muito. E uma vez mais – pior ainda depois de tanto disparate transmitido para dentro e para fora sobre esta novela das sanções – lamentavelmente, PPC desiludiu-me.
O ónus da responsabilidade de meter-a-cabeça-na-areia foi passado a uma figura de 3a linha do partido, que, com a simplicidade possível, lá vociferou os lugares-comuns suficientes sobre tal novela.

É com pesar que constato que PPC (a quem reconheço, sem dúvida, que teve a infelicidade temporal de ser PM no período mais exigente e difícil da nossa recente historia democrática pós 25/4/74!) perde(u) uma oportunidade para (re)centrar a força que o PPD/PSD necessita para almejar (voltar a) ser governo.

Nem o suficiente, muito menos o possível. Ficou apenas a Desilusão. Sem rumo. Sem remos. Pelo PPD/PSD. Compensada – até quando? – por algum regozijo pelo “bom senso” “anestesiante” europeu que parece ter imperado na Comissão Europeia. Afrontadora (será suficiente?) ante a desilusão do Presidente do Ecofin. É o possível. De momento.

Os tempos futuros não sendo previsivelmente “mais fáceis” (antes pelo contrário) demandam estadistas! E, PPC perdeu, parece-me, mais uma enorme batalha. E neste contínuo somar de derrotas, a capitulação parece óbvia. Infelizmente, meu caro PPC…

Creio que acredite que fez o possível para salvar o país. Mas, recuperando o lead inicial, terá sido o suficiente, Pedro?

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