Embora não seja um fenómeno apenas português, tem-se no notado, nos últimos anos, uma tendência que o “Cratinismo” acentuou (em variadíssimas vertentes e manifestações) que resumo na expressão “Escola para os melhores” em vez de “Escola para os tornar melhores”.
Na verdade, em Portugal – e sobretudo no universo de ensino privado, mas não só – a “Escola” tem-se especializado na pressão sobre os miúdos para que sejam os melhores e não para que dêem o seu melhor. Querer que uma criança seja a melhor é completamente diferente de querer que ela perceba que tem que dar o seu melhor.
Claro que nesta perversão a “Escola” não está sozinha: poder político e pais, são o vento que lhe enfuna as velas
O poder político, inquinado por teses que, em rigor, estão eivadas de uma espécie de nazismo, sobretudo defendidas por extremistas de esquerda convertidos à tralha neoliberal, tende a criar dois sistemas de ensino paralelos, em que um é destinado a uma minoria de predestinados – os alegadamente “melhores” – e outro é reservado para todos os demais e que mais não é um enorme faz de conta, baratinho, e destinado a produzir desqualificados mansos.
Os pais começaram a exigir aos filhos que fossem os melhores – os melhores a qualquer preço – e que os professores deixassem de o ser para passarem a assumir um papel de uma espécie de treinadores de alta competição.
Um País e um sistema de ensino que embarque nesta filosofia de predação – uma Escola para os melhores – estão condenados a muito curto prazo.
Ensinar apenas para a competição vitoriosa é, na maioria dos casos, educar futuros perdedores e deprimidos, incapazes de lidar com o falhanço, e é tudo menos educar.
Na vida, são mais frequentes as derrotas do que as vitórias, e só conseguem transformar derrotas presentes em vitórias futuras aqueles que em vez de terem sido educados para serem os melhores, foram educados para darem o seu melhor.
Muito mais inteligente do que esta moda perigosíssima – quanto ao que a inspira e quanto aos mais que prováveis resultados – de “Educação Eugénica”, é uma educação focalizada na melhoria colectiva, incutindo em todos a obrigação – tornada prazer – de em qualquer circunstância, tempo e modo de vida, darem o melhor de si mesmos.