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Que se Passa com os Estágios?

Nos últimos dias, os instituto de emprego revelou que apenas 38% dos estagiários forma contratados pelas empresas, no final do período de estágio, dos quais 77% obtiveram um contrato com vinculo precário. Mesmo com o reforço financeiro de 450 milhões de euros do programa de estágios em 2014/15, as empresas mostraram-se desinteressadas, em integrar nos seus quadros os estagiários. Estes valores contrastam com os programas americanos, onde cerca de 65% dos jovens permanecem no seu local de trabalho após o final do primeiro ano. No Reino Unido os números são ainda mais positivos, mostrando que mais de 70% dos estagiários permanecia no emprego decorridos três anos, após o término do período de estágio.

Pelo contrário, em Portugal assiste-se a um situação semelhante, à que se vive nos países com mercado laborais extremamente rígidos, a exemplo de França. Nestes casos, os custos e direitos associados aos empregados do quadro são elevados, conferindo um enorme incentivo para que as empresas recorram a vínculos precários e à rotatividade de funcionários, que a médio prazo degradarão a qualidade dos seus serviços. A este respeito, o governo poderia empreender uma reforma ao estilo nórdico conhecida por “flexisegurança”, assegurando as condições e os direitos dos trabalhadores, embora flexibilizando a possibilidade de despedimento e reestruturação, de forma a potenciar o emprego. Mais do que proteger os empregos, importa sim proteger os trabalhadores dos imprevistos e das contingências do mercado de trabalho.

Além disso, e como pude comprovar através de algumas investigações no terrenos, muitos destes estágios não se adequam às necessidades das empresas e sobretudo não conferem aos instruendos a formação necessária para entrarem numa linha de produção. Costureiras, torneiros mecânicos, carpinteiros e soldadores não se formam em seis meses e necessitam de competências que se adquirem ao longo de vários anos de trabalho. Para este género de profissões, os jovens deveriam ser previamente seleccionados na passagem do ensino básico para o secundário, por escola profissionais, que em parcerias com as unidades industrias apoiariam a formação profissional. Alterar todo o conceito dos programas de formação e os próprios subsídios conferidos às empresas seria essencial para melhorar o mercado de trabalho e criar emprego.

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