Começo hoje aqui uma crónica, com alguns capítulos e que me levam a ter orgulho em ser português. Espero também que seja o despertar de algumas consciências e para uma nova realidade.
Em mil novecentos e noventa e oito, fui convidado a visitar a Índia.
Uma viagem fantástica a um continente que visitava pela segunda vez, isto porque em mil novecentos e noventa e seis passei a minha lua de mel na longínqua Tailândia e na sua maravilhosa Ilha Puké.
Se da primeira vez, na Tailândia, não encontrei algo que se relacionasse com Portugal, nesse grandioso Pais que é a Índia tive a oportunidade de visitar cidades como Goa, Bombaim e Panjim.
Em Bombaim, visitei a casa onde viveu Indira Gandhi, uma casa simples no meio de um bairro no centro da cidade.
Ao longo da minha estadia neste País foram muitas as casas construídas pelos portugueses que vi, muitas delas ainda abandonadas, após a nossa saída daquele território.
Portugal marcou presença neste território de 1510 a 1961, do Século XVI ao Século XX, começou a intervenção no reinado de D.Manuel I e abandonou no tempo do Estado Novo, sendo Presidente do Conselho de Ministros em Portugal, António de Oliveira Salazar e Presidente da República o Almirante Américo Thomaz.
O Estado Português da Índia foi o governo constituído para administrar todos os territórios dependentes de Portugal nas costas do Oceano Indico à época do Império Português. De 1505 a 1742, abrangeu todos os territórios no Indico, desde a África austral ao sudeste Asiático, com capital em Goa, desde 1510, e só mais tarde se restringiu aos territórios da costa de Malabar, na Índia. O Estado da Índia foi constituído em 1505 com a nomeação do primeiro vice-rei, D.Francisco de Almeida, inicialmente estabelecido em Cochim, seis anos após a descoberta do caminho marítimo para a Índia por Vasco da Gama. Em 1510, com a expansão do território efectuada por Afonso de Albuquerque, que conquistou agia tornando-se a sede da presença portuguesa, recebeu o nome oficial de Estado Portugues da Índia.
Até à independência da Índia em 1947, Portugal manteve Goa, Damão e Diu, perdendo estas em Dezembro de 1961 quando foram ocupadas pela União Indiana.
Goa é uma terra muitas vezes esquecida pelos portugueses em matéria de futebol, e principalmente desde que Goa foi invadida pela União Indiana, mas o que as pessoas não sabem é que os goeses adoram o desporto rei.
Goa esteve 451 anos sob domínio português desde Vasco da Gama até o Benfica, ser campeão europeu, em 1961. O jornal A Bola era recebido em casa de muitos habitantes e naturais de Goa e ouviam a rádio portuguesa que transmitia para a Índia. Em Pangim, a linda capital de Goa tinha uma sede com um Núcleo Sportinguista de Goa. Os três grandes da época, Porto, Benfica e Sporting tinham aqui grandes falanges de apoio.
Cinquenta e três anos depois da invasão indiana a realidade é outra. Os goeses adaptaram-se a uma nova ordem, a uma nova vida. O Núcleo do Sporting é hoje um edifício abandonado, e que tive oportunidade de visitar em 1998, ostentando o emblema sportinguista na fachada principal, toda pintada de verde.
A Sé de Goa, a maior Igreja existente na Ásia, assim como a Basílica do Bom Jesus, aonde está o túmulo de S. Francisco Xavier, estão em bastante mau estado e no Museu Arqueológico tive a oportunidade de ver a coleção de quadros dos governadores e Vice – Reis portugueses naquele território, em quadros pintados a óleo. Visitei igrejas construídas pelos portugueses e fui recebido pelo Presidente da Câmara de Panjim.
Aqui senti o primeiro arrepio, e o orgulho em ser português, o secretário da Câmara Municipal recebeu-nos a falar em português e o próprio edil local fez um discurso quase todo em português. E quando me deram o livro de honra do Município para assinar qual foi o meu espanto, o livro era aquele que os portugueses ali tinham deixado em 1961, e o mesmo modelo que ainda existe no Edifício dos Paços do Concelho, em Castelo de Paiva.
Colocam-nos os colares com flores como é tradição na Índia e tiramos a foto habitual.
No restaurante da cidade não tive dificuldade em escolher o nome do prato, pois muitas das palavras que estavam no cardápio eram de origem portuguesa. Como é possível tudo isto ?
Procurei apurar a razão de ser desta presença portuguesa na Índia trinta e sete anos (em 1998, hoje cinquenta e cinco anos) depois de termos abandonado aquele território. Fiquei assim a saber que tínhamos trezentas e vinte e três palavras de origem portuguesa no dicionário daquele País, um facto verdadeiramente impressionante.
E todo este capital linguístico esta na minha opinião por explorar.
Uns dias mais tarde tive a felicidade de, por uns dias, ficar alojado num resort que incluiu a Fortaleza de Cochim, construída em 1568 e que foi a primeira fortificação no Oriente, que Afonso de Albuquerque mandou construir quando chegou à Índia.
Estávamos no ano de 1503 quando D.João II envia este militar à Índia no comando de três naus, tendo participado em várias batalhas e estabelecido relações comerciais com Coulão, tendo sido nomeado por D.Manuel vice rei da Índia.
Continua em breve…