As sociedades modernas apresentam uma grande tendência que condiciona de forma incontornável a realidade económico-social vindoura: a globalização.
A globalização obriga a ajustamentos que trazem riscos acrescidos, em especial em países como Portugal onde o perfil de competitividade assenta menos em sectores de tecnologia avançada, ou em países, também como Portugal, com problemas de qualificação da sua mão-de-obra. A existência de um acrescido exige um reforço dos mecanismos disponíveis de protecção social, onde o Estado não se pode demitir de forma alguma das suas responsabilidades, e onde, convém lembrar, a sociedade civil deve assumir as suas obrigações de forma responsável. Sabemos que uma sociedade que aspire a ser desenvolvida só o será verdadeiramente se for uma sociedade mais justa, mais socialmente coesa. No que respeita ao papel a desempenhar pela sociedade civil, é minha convicção que deve, cada vez mais, assumir-se como parte da solução, para os problemas sociais que emergem nas sociedades modernas. Neste contexto, o microcrédito é uma solução com muitos méritos já bem comprovados noutros países. Este tema tem efectivamente vindo a revestir uma importância crescente nos últimos anos, e em particular após as Nações Unidas terem declarado 2005 como o «Ano Internacional do Microcrédito». Responsáveis da ONU consideram que o microcrédito é um mecanismo essencial para os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, nomeadamente a erradicação da pobreza. O microcrédito apoia várias actividades económicas, como as actividades do sector primário, o pequeno comércio ou o artesanato. Alguns exemplos apontados pela ONU sugerem que o microcrédito contribui para o aumento do rendimento, para a criação de emprego, e permite indirectamente às famílias melhor educação e melhor saúde. Embora o microcrédito seja mais visível nos países em vias de desenvolvimento, os fundamentos para a sua aplicação são universais e aplicam-se igualmente a economias desenvolvidas. Na realidade, mesmo nos países ricos do hemisfério Norte, é frequente existirem famílias de poucos rendimentos mas com capacidade de trabalho e iniciativa, para as quais um simples apoio, por pequeno que seja, representa um poderoso «efeito multiplicador» da sua produtividade e rendimentos, contribuindo para o aumento do bem-estar social das famílias elevando-o para níveis acima do limiar de pobreza. No nosso país, já se verificaram algumas iniciativas do sector empresarial privado na área do microcrédito. O apoio concedido pelo microcrédito é reconhecido como um instrumento eficaz para a inserção social dos indivíduos e das famílias,em especial no âmbito do reforço da economia social e no combate ao desemprego. O microcrédito não é nem deve ser uma moda passageira. É uma actividade que pode e deve prosperar, porque contribui para objectivos sociais relevantes – redução da pobreza, melhoria das condições de vida, aumento da dignidade do indivíduo, redução da desigualdade – mas também para objectivos económicos – aumento do emprego, aumento do rendimento disponível, melhores padrões de consumo. Na região do Tâmega e Sousa, temos várias incubadoras de empresas, onde se inclui o CACE – Centro de Apoio à Criação de Empresas (hoje com uma nova filosofia e ainda bem) situado nas antigas instalações da C.J.Clarks, em Castelo de Paiva. Trata-se de uma oportunidade para quem quer criar a sua própria empresa. São pequenos espaços que podem potenciar a criação de postos de trabalho, como alguns o concretizaram. Por tudo isto pode-se afirmar que temos em Portugal os mecanismos que consideramos importantes para a fixação de pessoas, o aparecimento de novos projectos e criação de postos de trabalho. Apareçam as ideias e os projectos acontecem. Tal como disse um dia Fernando Pessoa “DEUS QUER, O HOMEM SONHA, A OBRA NASCE”. |
O MICROCRÉDITO
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