Em 1981, o Município de Castelo de Paiva recebeu, da então Junta Autónoma das Estradas aquilo a que hoje chamam, a PONTE VELHA de Pedorido. A Ponte e seus acessos foram entregues sem qualquer beneficiação e a partir daquela data aquele antigo troço da estrada nacional da 222, que incluía também os seus acessos, passou para domínio municipal. A JAE desfez-se de uma ponte construída em ferro, no final do Século XIX, com todas as implicações futuras que daí adviriam.
A 7 de Janeiro de 1998, tomei posse com o meu Executivo para gerir os destinos do concelho de Castelo de Paiva.
Em 1995, é constituída a empresa Águas do Douro e Paiva (AdP), uma sociedade intermunicipal com 51% e os restantes 49% foram distribuídos pelos Municípios, onde se incluía Castelo de Paiva.
Esta empresa tinha e tem como missão captar a água nos Rios Douro e Paiva e colocá-la nos depósitos dos municípios aderentes. O concelho de Castelo de Paiva tinha, neste projeto, e desde a primeira hora, iria ter duas captações, uma no Douro para abastecer as freguesias de Pedorido (para os depósitos existentes no Olival e na Póvoa), a Raiva e parte de São Pedro do Paraíso e outra no Rio Paiva, junto à Ponte da Bateira, que iria abastecer cerca de 2/3 da população do concelho, a norte.
Logo na primeira reunião com a Administração da AdP dissemos que não queríamos cidadãos de primeira e de segunda no concelho. Pretendíamos que todo o concelho bebesse água captada no Rio Paiva. Foi um processo muito difícil que demorou alguns anos, mas ganhamos essa “luta”.
Em 2002, as AdPaiva começaram a instalar as condutas desde a ETA (Estação de Tratamento de Águas) de Bairros, até ao Couto Mineiro (mais de 26 kms). Com a instalação dessas condutas no troço em construção da Variante à EN 222, a água do Rio Paiva estava a caminho do Couto Mineiro. Chegou primeiro, naturalmente por questões geográficas à Raiva e a S.P.Paraíso e vislumbrava-se a sua chegada à freguesia de Pedorido, tudo isto em qualidade e quantidade. O atraso de dois anos na conclusão da Variante à EN 222, no troço da Cruz da Carreira a Pedorido, atrasou dois anos este processo.
Desde sempre a freguesia de Pedorido pedia a reabilitação da Ponte, que durante muito tempo viu passar locomotivas e as vagonetes com o carvão. Com a chegada das condutas na Variante na EN 222 vimos a possibilidade de fazer um acordo com as AdP para nos ajudar a reabilitar a Ponte.
Em Outubro de 2003, caiu um fragmento metálico da antiga Ponte, e que um ex-mineiro me fez chegar à Câmara Municipal. De imediato ordenei uma vistoria (feita pelos serviços municipais e pelo GAT de Penafiel) e como responsável máximo municipal da Proteção Civil, decidi interromper o trânsito de veículos e peões, colocando sinalização adequada, como manda a legislação. Solicitei apoio ao Instituto de Estradas de Portugal no sentido de encontrar uma equipa especializada em estruturas de pontes para avaliar a situação. O edital a interditar (datado de 3 de Outubro de 2003) a ponte ao Trânsito foi publicitado, na imprensa escrita e falada e lido na Igreja.
Nos contactos com as AdP, sabíamos que esta empresa tinha feito um estudo para passar as condutas pelo Rio Arda. Estamos a falar de uma conduta adutora, e uma conduta de passagem de cabos de telegestão, com diâmetro de 200 mm. E assim, propusemos uma parceria à empresa para reabilitarmos em conjunto a PONTE e permitiríamos que as condutas ali passassem. A empresa mostrou-se disponível para uma parceria.
Entretanto os depósitos de água existentes em Pedorido deterioraram-se e a água falha permanentemente. A água imprópria em Pedorido era uma constante como atesta um dos jornais da época. Eis que as AdP solicitam que provisoriamente se instalasse as condutas POR CIMA da Ponte e resolvia-se o problema do abastecimento em qualidade e quantidade a toda a freguesia de Pedorido. As condutas definitivas só seriam instaladas depois da reabilitação da Ponte Velha, mantendo-se vivo um equipamento de grande valor histórico, patrimonial e afetivo aos mineiros desta terra. Muitos já não se lembram e outros já se esqueceram, da péssima qualidade da água que tinham no Couto Mineiro, e a freguesia de Pedorido não era exceção, antes de 2007.
Em 2004, é feita a inspeção aquática aos pilares e ao tabuleiro da Ponte. A ponte tinha peças a cair e havia um desencontro de 18 cm do lado direito da mesma, como ainda hoje existe. Detetou-se uma corrosão generalizada do aço, o tabuleiro deslocou-se ligeiramente para o lado esquerdo. Detetaram-se fendas nos encontros. As raízes da vegetação denotam infiltrações nas juntas dos encontros, originando a entrada de água nos encontros em granito.
Tornava -se imperioso o encerramento da Ponte, ao trânsito como hoje ainda está. Em 2006, alguém retira as grades que impediam a passagem de viaturas e é feito novo anúncio público a alertar as pessoas. Em 2006, começa o debate político (em sede de várias reuniões de Câmara e na Assembleia Municipal) referente às propostas que nos chegaram e que estão refletidas em ata de executivo municipal. As duas soluções apresentadas tinham os seguintes valores, a solução para a solução pedonal eram precisos cerca de 254.626,80 euros, e para a solução rodoviária (com uma só via) e pedonal custaria 479.266,80 euros. Para existir uma solução rodoviária com dois sentidos obrigava à retirada total do atual tabuleiro e a colocação de um novo.
Surgiu um amplo debate público e radiofónico sobre o assunto, cheguei a vir às Assembleias de Freguesia de Pedorido (uma pelo menos foi extraordinária) explicar o que se passava, fez-se muito ruído sobre esta matéria. Depois, fizemos um protocolo com a empresa e levamos o mesmo a uma reunião de Câmara. Estava tudo encaminhado para a reabilitação da Ponte.
Em 2007, as AdP enviam-nos a minuta do Protocolo. Demoramos muito tempo a ultimar o protocolo final. A 31 de Outubro de 2009 cessei funções no Executivo Municipal em permanência. Transmiti este dossier ao atual Presidente da Câmara, disso relevei na primeira reunião de Câmara do executivo Municipal de 2009 a 2013, e ficou em ata. Tudo isto está documentado na Câmara Municipal, nas Águas do Douro e Paiva, SA e na empresa OMEGA que fez os estudos.
Há uns dias atrás o Município, em nota de imprensa, referiu que assinou o contrato de empreitada para reabilitar a ponte, obra essa que vai custar 492.579,41 euros, e que depois de reabilitada será apenas para utilização pedonal e ciclovia. Curiosamente o valor a investir na reabilitação da ponte, para pedonal, é idêntico daquele, que o Executivo ao qual presidi, tínha para solução rodoviária.
Tal como noutras situações, o atual Presidente da Câmara, antes de ser poder, defendia uma coisa, chegado ao poder defende outra. Em sucessivas intervenções em sede de reuniões do Executivo Municipal, quando era Vereador na oposição o atual Presidente da Câmara votou contra a solução pedonal., conforme atestam as atas municipais. Na altura precisava dos votos do Couto Mineiro para ganhar eleições e tomou a decisão que tomou.
Espero agora, com expectativa, por aquilo que a população do Couro Mineiro vai fazer, pois tantas vezes, no mandato 2005-2009 se manifestou contra a solução pedonal que agora vai ser executada.
MUDAM-SE OS TEMPOS, MUDAM_SE AS VONTADES.