Ao longo das duas últimas décadas, a economia nacional apresentou inúmeras dificuldades em atrair investimento estrangeiro para áreas competitivas e expostas à concorrência internacional, sobretudo na indústria e serviços. O baixo investimento internacional realizado no país concentrou-se essencialmente no sector imobiliário, em grandes empresas monopolistas ou oligopolistas e em actividades de baixo valor acrescentado. Este cenário reflecte-se na redução do emprego, na estagnação do crescimento económico a na perda de competitividade da nossa economia.
O investimento de multinacionais estrangeiro no país durante as décadas de 80 e 90, contribuíram para o crescimento da produtividade entre 10% a 20%, sobretudo através da introdução de novos métodos de gestão e do investimento em moderna tecnologia. Por outro lado, ocorreu uma melhoria da qualidade dos bens produzidos, um aumento da produtividade das empresas “domésticas” fornecedoras de bens entre 0.5% e 1,5% e a uma aposta clara na inovação e desenvolvimento. Além disso, as multinacionais a operar no país como a AutoEuropa ou a IKEA, pagam um prémio salarial entre 10% a 20% mais elevado do que as suas homologas nacionais. As empresas estrangeiras constituem “ancoras” territoriais importantíssimas que contribuem para a transferência de conhecimento, melhoria dos níveis de gestão, introdução de técnicas inovadoras e a melhoria dos níveis de liquidez das restantes organizações, que beneficiam dos consumos destes grandes motores. Desta forma, verifica-se o impacto verdadeiramente colossal, que a perda de capacidade de atrair investimento internacional pode acarretar para o país sobretudo ao nível da produtividade, emprego e da riqueza. Dada a importância do investimento estrangeiro, o governo deveria iniciar o quanto antes, um debate alargado procurando incluir todos os sectores da sociedade e os partidos com representação na assembleia, para discutir o assunto e procurar estabelecer um compromisso de longo prazo que promova a estabilidade e facilite a integração de Portugal nos principais circuitos internacionais da economia.