O insucesso escolar é um dos temas mais debatidos da Educação nacional e constitui um problema transversal, preocupante e com influência na economia e sociedade. Dadas as inúmeras estratégias desenvolvidas, importa estar atento a alguns exemplos internacionais de sucesso. Nos EUA existe uma diferença acentuada no desempenho académico dos alunos sobretudo entre os afro-americanos e Hispano-americanos em relação aos restantes. Desta forma, com o objectivo de resolver os problemas de insucesso escolar, a cidade de Boston criou um programa denominado “escolas sem desculpas”. Estas escolas recebem alunos de famílias pobres com classificações persistentemente baixas e com elevados défices de conhecimentos em áreas sensíveis, como a matemática ou a leitura/interpretação. O seu currículo assenta na consolidação de competências e na medição intensiva dos resultados através da realização de exames e testes diagnósticos. Num curto espaço de tempo, o programa apresentou resultados impressionantes, reduzindo as diferenças entre classificações, em cerca de 40%, reforçando a importância de projectos que recuperam alunos “perdidos/esquecidos” no ensino curricular. Como as famílias pobres não possuem recursos para dotar os seus filhos de horas extra de formação em centro de estudos e sem qualificações para os apoiar nas actividades de âmbito escolar, estes alunos acabam por abandonar o ensino de forma precoce. Como o abandono escolar afectar fortemente os indivíduos das classes mais baixas e dada a importância da formação nos rendimentos futuros, estas crianças acabam por cair na “armadilha da pobreza”. Recorde-se que por cada ano suplementar de educação escolar, os rendimentos futuros aumentam, em média 8%, independentemente do patamar de ensino. Apesar de constituírem um custo para os contribuintes, os benefícios a longo prazo são evidentes, com a redução das desigualdades, dos gastos futuros com apoios sociais, menor taxa de criminalidade e adultos saudáveis e com uma esperança de vida superior. Faria todo o sentido criar estratégias semelhantes em Portugal, conferindo formação adicional, extra e adequada, aos alunos que por insuficiência económica ou por questões familiares não possuem da atenção e do tratamento indispensáveis ao seu sucesso escolar.
