Numa conferência de imprensa, o presidente do banco central europeu considerou que a inflação se mantinha abaixo da meta dos 2%, por as empresas não aumentarem os salários dos seus funcionários e por essa via potenciar o consumo. Como o próprio sabe melhor do que ninguém, as empresas apenas aumentam os salários, em situações de pleno emprego, onde a disputa por trabalhadores, acaba por elevar a massa salarial. No entanto, na maioria dos países da zona euro, as taxas de desemprego permanecem em patamares elevados, o que confere às empresas uma enorme margem negocial, que potencia o recurso ao emprego precário. Apenas a Alemanha se encontra numa situação de pleno emprego, embora a procura de mão-de-obra, seja essencialmente satisfeita com recurso à emigração, com especial destaque, para os jovens qualificados do sul da Europa, limitando o crescimento dos vencimentos. Além disso, mesmo com a imposição do salário mínimo nacional, dificilmente serão alcançados os objetivos para a inflação, uma vez que os alemães possuem uma elevada propensão marginal para a poupança resultante dos seus elevados rendimentos e da sua cultura protestante e calvinista, que considera o aforro, a melhor forma de promover o crescimento económico sustentável.
Desta forma, serão necessários esforços maiores, por parte do BCE e sobretudo da comissão europeia, promovendo o consumo, nos países com elevados excedentes externos, como a holanda e Alemanha, através da redução de impostos e da concessão de deduções apelativas para determinadas despesas. Por outro lado, poderão ser realizados importantes investimentos em infraestruturas, as quais, como no caso da Alemanha, carecem de renovação.