“Queremos manifestar o nosso apoio a esta e a outras iniciativas que, com ordem e civismo, defendam a liberdade dos pais escolherem a escola e projetos educativos que desejam oferecer aos seus filhos”, refere a nota enviada pela Conferência Episcopal Portuguesa à Agência ECCLESIA.
Fiquei a pensar nesta inacreditável declaração da Conferência Episcopal Portuguesa, isto é, dos bispos portugueses, sobre a manifestação organizada hoje por menos de 1.5% dos Colégios Privados Portugueses. Inacreditável em tudo. No despropósito (os contratos de associação nada tem a ver com liberdade de ensino ou de escolha), na lógica (os contratos de associação não abrangem a população toda, pois só existem em locais em que supostamente há carência da rede pública, pelo que se fosse verdade que permitem liberdade de escolha só o permitiriam a alguns, poucos, portugueses), na falta de senso (não há neste assunto nenhuma limitação à liberdade de opção) e na imagem que dá de uma igreja muito pouco preocupada com o bem comum e mais com os seus próprios interesses corporativos (muitas, senão a maioria, das escolas afetadas pela redução de contratos anunciada pelo Governo é de inspiração confessional católica).
1. Lembrei-me de imediato de uma intervenção muito assertiva do Papa Francisco, líder da Igreja Católica, quando se reuniu, no final de Novembro de 2015, no Vaticano, com os participantes do Congresso Internacional das Escolas Católicas e se confessou “envergonhado” perante uma “educação elitista e seletiva”.
Francisco alertou para os “vínculos entre os vários agentes que foi quebrado” e, por isso, “a educação tem-se vindo a tornar elitista e seletiva. Os que têm certo estatuto social ou económico têm acesso à escola. Quem não o tem não tem acesso à educação”.
Para Francisco é urgente “ensinar a pensar, ajudar a fazer bem e acompanhar o crescimento interior. É assim uma educação inclusiva porque todos têm um lugar. Inclusive humanamente”.
“O desafio é andar pelas periferias para os fazer crescer em humanidade, em inteligência, em hábitos, em valores para que possam dar a volta e trazer aos outros experiências que não conhecem”.
Link: http://www.agencia.ecclesia.pt/…/vaticano-papa-rejeita-edu…/
2. Lembrei-me também de fazer substituições na declaração da Conferência Episcopal, nomeadamente, mantendo toda a frase e substituindo somente a parte “escola e projetos educativos” para ver como fica. É um exercício interessante, façam-no.