Olhemos para o Mundo e para tudo o que o constitui. Falemos de géneros, das suas diferenças e do custo da sua suavização. No limite, damos de caras com a androginia e aí sim, tudo é igual.
Agora pensemos. Homens e Mulheres não são nem devem ser iguais excepto na Dignidade. Na minha visão de Mulher, estamos a falar de dois mundos que se devem complementar e não sobrepor
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É claro que durante muito tempo a Mulher foi, e na sociedade muçulmana por exemplo, ainda é relegada para segundo plano não tendo qualquer direito mas em contraponto, tendo todas as obrigações. Como é evidente, está errado mas deve, como em tudo, haver um equilíbrio e um não deve substituir o outro.
À medida que a Mulher vai ganhando destaque no mundo profissional, também no plano das relações pessoais as dinâmicas tendem a mudar não havendo agora papéis tão definidos como há uns anos atrás com tudo o que isso possa ter de bom e de mau.
No mundo do trabalho, a Mulher pode e deve ter acesso, desde que reúna as condições, para desempenhar os mesmos cargos de chefia e há muitas extremamente competentes. Assume-se que se desempenham as mesmas funções devem ser remuneradas da mesma forma mas não, por norma os valores são bastante inferiores. E depois há aquelas funções que as Mulheres teimam em ocupar porque “não são menos que os Homens”. Minha gente, não se trata de ser mais ou menos capaz, competente ou o que seja mas trata-se de uma questão genética.
Na minha opinião, é aqui que a acção das verdadeiras feministas se deve concentrar: em ter igual acesso à escolaridade e ao mercado de trabalho, em auferir as mesmas remunerações pelo desempenho das mesmas funções e em não serem tão penalizadas por serem mães. Isto nas ditas sociedades desenvolvidas porque nas outras ainda há muito caminho a percorrer e muitas mentalidades a mudar.
E estas considerações levam-nos ao porquê deste artigo. Resolvi escrevê-lo por causa da questão das carruagens e aqui há duas questões que têm que ser analisadas. Por um lado, o facto de muitas Mulheres acharem que “porque são iguais” não devem ter um tratamento diferenciado. Não consigo entender porque é que uma medida que visa a segurança é vista com tanta desconfiança e desconforto.
Na Áustria, País civilizado e com baixo índice de criminalidade, já há mais de 15 anos que existia o Frauen Taxi. Esta forma de transporte mais não era do que táxis que eram conduzidos por Mulheres, só transportavam Mulheres e o serviço durava toda a noite. A Mulher que precisasse do táxi ligava para a Central a pedir o serviço e era novamente contactada pela taxista que lhe dava o número do carro e o seu nome. É de acrescentar que o serviço era cobrado normalmente sem qualquer taxa adicional. O que é que as supostas feministas chamavam a isto? Provavelmente diriam que era um atraso de vida porque elas são uns Rambos e resolviam qualquer contenda com base na violência. E agora pergunto eu: alguma dessas feministas alguma vez se viu numa situação-limite?
Tudo isto vem a propósito da noticia sobre o lançamento de carruagens de comboio exclusivas para Mulheres na Alemanha que viagem entre Leipzig e Chemnitz. Por cá há muita revolta e eu pergunto: e qual é o problema? Por que é que segurança tem que ser considerada ostracismo?
Mas isto leva-nos à segunda parte da questão: os Homens. Toda esta evolução, se assim lhe quiserem chamar, no domínio das liberdades individuais vem alterar os papéis que se conheciam como tradicionais e leva a que o Homem se adapte a esta nova realidade. E não me venham com tretas, a Educação, o Carácter e os Princípios podem ter muito a ver mas minha gente, a genética não se domina. Mas eu pergunto-me: em que bases são educados os homens indianos, brasileiros e mexicanos que levam a que aconteçam coisas destas? Ataques em locais públicos, violações em grupo e outras atrocidades cometidas contra as Mulheres? No caso, se uma Mulher se sentir segura ou “não se quiser sentir castrada na sua Liberdade” e viajar numa carruagem “normal”, se lhe acontecer alguma coisa, vão culpa-la? Houveram todas aquelas violações hediondas em Leipzig, foi por isso que as autoridades optaram por esta medida ou sabem de mais alguma coisa que não tornaram pública?
Como em tudo, com ponderação e bom-senso podemos chegar longe mas será se calhar tempo de analisar e tentar perceber porque é que há Homens capazes de tanta violência contra as Mulheres e tentar partir daí para resolver muitas destas situações.
Ser Mulher e ser Homem são e devem continuar a ser coisas distintas e nenhum é mais ou menos que o outro apenas temos papéis diferentes e características diferentes e isso é positivo mas acima de tudo, deve ser complementar e cada um deve estar ciente das suas responsabilidades e dos seus limites. Limitar o Homem a uma actuação meramente decorativa pela Mulher que um dia viu uma antepassada ser assim tratada só vai levar ao retrocesso civilizacional e não é isso que se pretende. Pretende-se avançar mas em harmonia onde ambos se sintam bem no papel que a genética lhes destinou. Podemos ser e somos, livres para fazer uma infinidade de escolhas mas sem que isso desrespeite a nossa essência enquanto indivíduos ou nos faça colidir frontalmente com todos os outros indivíduos com que nos cruzamos.
Nós só nos sentiremos verdadeiramente livres e iguais quando aprendermos a respeitar e a conviver com a diferença e esta deve ser enaltecida e não apagada.
Luisa Vaz
(A autora não usa o Acordo Ortográfico)