Os programas de microcrédito desenvolvidos nos países pobres enfrentaram vários problemas relacionados com a elevada taxa de incumprimento dos seus clientes. Para combater este problema e continuar a explorar o mercado, as instituições financeiras iniciaram programas de formação disponibilizando informação de forma simples sobre princípios de gestão financeira aos seus clientes, sobretudo proprietários de pequenos estabelecimentos, como cabeleireiros, lojas, cafés e restaurantes. Em muitos casos, para facilitar a compreensão dos formandos, eram convidados empresários de sucesso da região, com os mesmos níveis de literacia, a explicarem detalhadamente os procedimentos de gestão com recurso a exemplos práticos, como o incentivo à criação de um salário fixo mensal, evitando misturar a contabilidade empresarial com a familiar. Noutros casos, foram disponibilizados serviços de consultoria que efectuavam aconselhamento e melhorias de produtividade, como a utilização de algoritmos para a definição da dimensão média das mesas, do menu e do número de funcionários. Em ambos os casos, os resultados foram notáveis e no espaço de seis meses, os empresários observaram um crescimento dos lucros de 25% a 50% e uma redução significativa do volume de créditos malparados.
Dada a estrutura do tecido empresarial português, constituído maioritariamente por micro e pequenas empresas, de cariz familiar, geridas por indivíduos com baixas qualificações, seria extremamente importante, utilizar os fundos comunitários para a criação de programas de formação de gestão, finanças e contabilidade. As instituições financiadoras e o governo deveriam obrigar os empresários, a recorrer a este tipo de expediente de forma a melhorar o seu desempenho e reduzir as elevadas taxas de incumprimento dos créditos concedidos às micro e pequenas empresas, que correspondem a quase 1/3 do total do financiamento à economia. Um tecido empresarial profissional e competente contribui para a criação de riqueza, crescimento do emprego e aumento do investimento.
