Os recentes alertas para o aumento do consumo e sobretudo para a diminuição dos níveis de poupança constituem uma tendência global e, ao contrário do que alguns analistas apontam, não reflectem, nem são o reflexo apenas das políticas adoptadas pelos governos nacionais. Uma componente relevante da acentuada quebra da poupança, resulta antes de mais das alterações estruturais, que ocorreram ao longo das últimas décadas e que têm vindo a afectar famílias e empresas. Em países onde os rendimentos líquidos são superiores ao Português, inclusivamente em termos de paridade do poder de compra, verifica-se exactamente o mesmo problema. A título de exemplo, repare-se que mais de 60% dos Americanos e Britânicos possuem menos de 1000 euros em poupanças líquidas, sendo que destes, aproximadamente 1/3, se mostra incapaz de apresentar qualquer tipo de aforro. O que comprova que a queda dos níveis de poupança ocorre de forma similar na generalidade das economias ocidentais e reflecte uma contracção/estagnação dos rendimentos das famílias, a braços com elevados níveis de endividamento, aumentos da carga fiscal e elevados índices de desemprego. Inverter esta tendência requer aumentos salariais, que apenas serão possíveis, com a harmonização e regularização do trabalho precário, com o aumento da produtividade e com a criação de penalizações fiscais para as empresas que substituam operários por robots.
Fim do mês cada vez mais longe
Gosto (0)Não Gosto (0)