Que estamos a fazer com as crianças, que andamos a fazer com a educação dos nossos filhos.
Tento estar atento, até porque sou pai de duas filhas. Mas não vejo com bons olhos o que estamos a fazer. Da forma que os estamos a criar, não será o mais adequado. Na minha humilde opinião, claro. Não sou técnico mas sou pai e preocupado com este crescendo de imaturidade nas crianças. Ocupa-se demasiado as crianças em actividades curriculares e outras.
O tempo livre para estarem com os pais e para brincarem é muito diminuto. Tem vindo a diminuir substancialmente. É responsabilidade de toda a gente: Governantes da tutela, pais e professores…
Discute-se muito o não. Deveremos saber dizer não e muitas vezes sermos firmes nesse não. Mas existe muitas outras ocasiões que o não deveria ser sim. Ou seja, os pais cada vez mais não dão autonomia aos seus filhos. Faz parte da vida e do crescimento deles correrem riscos, aventurarem-se muitas vezes no desconhecido. Não passando pelas dificuldades, problemas e riscos nunca saberão como os enfrentar e sair deles mais tarde.
A ausência de autonomia dada pelos pais conduz por esse caminho. Entregamos “tudo pronto” às crianças e protegemos “demais” e assim levamo-los para situações que se podem revelar mais tarde perigosas. Não se pode dizer sempre não. As crianças têm que transpirar a brincar, esfolarem os braços e as pernas. Precisam sair desta zona de conforto e conviver com as dificuldades e a imprevisibilidade que surge no momento. É disso que elas gostam, do que é difícil. Só temos que as deixar ter esta iniciativa. Deixar encontrar o confronto para aí aprender como é criarem métodos de os contornar e ultrapassar. Não devemos ausenta-los de tudo isto sobre pena de sofrerem as consequências mas tarde. Nessa altura ficam com o direito de nos culparem justamente. Mas aí será tarde, as crianças que entretanto deixaram de o ser sentem medos e inseguranças constantes.As crianças passam tempo demais na escola (na sala de aulas), sem estarem contacto com exterior.
Depois existe os pais que trazem os filhos em todas actividades e mais algumas: na música, na ginástica, na natação, no teatro, etc.Também existem os pais que entram em competição. Os filhos têm que ser os melhores. Não pelos filhos mas sim por eles. Não se preocupando com o crescimento saudável do filho mas sim que o filho deles seja melhor que o dos outros.Temos que nos convencer que as crianças precisam de tempos livres, muitos tempos livres para terem sucesso e aproveitamento, sendo fundamental para a saúde mental e física das crianças. Deve-se apostar em que sejam activas em todos estes espaços (brincadeiras) e momentos.Com a preocupação de todos em que as crianças tenham um currículo académico invejável descuram tudo isto atrás referido. Mas será que essas crianças um dia mais tarde quando tiverem esse mesmo currículo invejável conseguem viver sem os pais ou alguém que os proteja?