Contra o discurso cínico da Realpolitik, tendente a baixar os braços, em torno dos offshores.
Considero muito sinceramente que umas boas lambadas são uma verdadeira insignificância, ainda por cima às claras, comparadas com as atitudes desta gente que esconde o dinheiro em offshores para não pagar impostos, minando assim os princípios fundamentais de qualquer Estado democrático. Abaixo estas «elites de lixo» e os paraísos fiscais que elas têm o poder de criar e de perpetuar, porque apostam fortemente na promiscuidade entre a política e os mundo dos negócios, transformando a vida dos cidadãos que vivem honestamente do seu trabalho em verdadeiros infernos fiscais. É nestes paraísos fiscais que se movem essas entidades todo-poderosas e sem rosto que são os mercados, que nos sufocam e que nos tiram a liberdade e a esperança num futuro melhor para os nossos filhos. Compreende-se por que razão a riqueza mundial está concentrada nas mãos de apenas 2% das pessoas! São simplesmente patéticos aqueles que têm ainda o topete de vir para a comunicação social defender o indefensável, tentando convencer-nos que o que é legal é necessariamente ético! Todas as pessoas de bem deveriam manifestar-se ruidosa e inequivocamente contra o capitalismo selvagem que está abalar os verdadeiros alicerces da Europa, erguida sobre os valores humanistas, democráticos e solidários da Antiguidade clássica, do Cristianismo e do Iluminismo. Os custos financeiros que adviriam da proibição dos offshores seriam largamente compensados, a médio e longo prazo, com a diminuição da criminalidade, do tráfico de armas que alimenta terroristas, da promiscuidade entre política e negócios, bem como com um concomitante investimento desses impostos em serviços públicos que concorressem para o bem-estar das populações.