Nos cursos de ciência política defende-se que o eleitor mediano, composto pela massa de população com um vencimento, entre o rendimento médio e mediano, é a que costumo determinar o resultado eleitoral. No caso nacional, esta população encontra-se entre aqueles que auferem um rendimento entre os 642 euros e os 909 euros líquidos, e que por acaso foram os mais penalizados, pelas recentes alterações em sede de IRS. Embora, estes valores possuam várias leituras e variem, em função da região, idade, localidade ou profissão, o que é certo, é que ao longo das últimas décadas, por toda a Europa, esta tem sido a faixa da população que ajuda os governos a ganhar eleições e por isso são eles que beneficiam do sistema fiscal tendencialmente progressivo. Corajosamente, contornando esta situação, o nosso governo optou por retirar parte dos privilégios desta classe e distribui-los pelas populações com rendimentos inferiores, o que do ponto de vista da distribuição da riqueza, parece bem mais equitativo e justo. No entanto, em termos eleitorais esta opção poderá ter consequências, a menos que existam outros mecanismos compensatórios, os quais não vislumbro, que compensem os maiores afectados. Além disso, julgo que o governo foi ainda pouco progressivo para com os rendimentos mais elevados. Neste aspecto, a carga fiscal poderia ser potencialmente agravada para os escalões mais elevado de IRS, mas sobretudo sobre os ganhos de capital, as mais-valias geradas em bolsa e bens patrimoniais. São essencialmente estes, os principais percursores das desigualdades sociais.
Eleitor mediano
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