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Educação o verdadeiro elevador social

No processo de selecção para concurso lançado pela TVI, destinado a pequenos talentos na cozinha, o número de candidatos ultrapassou, em larga medida, as expectativas dos organizadores. Nos últimos anos, este tipo de situações são bastante recorrentes, estendendo-se às várias áreas do mundo artístico. Mais do que nunca, os familiares directos inscrevem os seus filhos em concursos televisivos, colocam-nos em escolas de teatro, dança ou música, pagam formações futebolísticas, com a ténue esperança, das suas crianças virem a alcançar os estrelato e por essa via um nível de vida superior. No passado, os pais eram os primeiros a recusar ou eliminar a possibilidade dos seus filhos apostarem numa carreira artística, uma vez que essa opção teria consequências para as suas carreiras académicas graves, de longe considerado o caminho mais seguro para um futuro estável. Em contrapartida, hoje em dia, são os próprios pais que, ignorando por completo a apetência, vocação e vontade das crianças, as incentivam e em muitos casos “empurram” para áreas de actividade de elevado risco, onde apenas uma pequeníssima fracção dos potenciais artistas singram nas suas carreiras. Não raras vezes encontramos muitos destes jovens, anos mais tarde, completamente desiludidos com a vida, “enterrados” em drogas/álcool, passando completamente ao lado do tão ansiado/prometido futuro. À semelhança do crescimento dos jogos de sorte e azar, com especial destaque para as raspadinhas e euromilhões, esta tendência evidência um enorme descrédito da população no sistema educativo, como principal motor de ascensão social e no factor trabalho como forma de obter uma vida “desafogada”. Estes factos são extremamente preocupantes, o que deveria obrigar o ministério da educação e o próprio governo a iniciar um programa de sensibilização alertando para a importância da educação no processo de melhoria das condições de vida e redução da desigualdade. Para concluir, convém salientar, que ainda hoje, são os licenciados ou recém-formados que registam menores taxas de desemprego, maiores níveis salariais e possuem melhores chances no estrangeiro.

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