Na sequência das últimas decisões judiciais ficamos com a sensação que vivemos num país onde reina a corrupção mas onde parece não existirem corruptos. Vamos ser claros. Para existir corrupção têm que existir corruptos. Ponto.
É preciso dizer com clareza que a legislação aprovada na Assembleia da República protege aqueles que a aprovam – os políticos – e que estes não disponibilizam aos demais agentes judicias os meios humanos e materiais para um combate sério à corrupção e ao tráfico de influências.
Um dos temas que abordo frequentemente em conversas com o meu amigo Nuno Garoupa é o problema da corrupção. É um tema que nos diz muito. Partilhamos muitas das mesmas preocupações e das soluções para combater esta epidemia que atinge, em larga medida, a classe política.
O Professor Doutor Nuno Garoupa é das poucas pessoas que fala sobre o problema da corrupção, em Portugal, sem quaisquer pruridos e de uma forma muito assertiva. Hoje dá continuidade ao seu artigo do Diário de Notícias da última semana. Escreve e bem que “o primeiro passo tem de ser aprendermos a discutir este tema como uma qualquer política pública que apresenta ineficiências preocupantes, mas sem superioridades morais. Enquanto o debate público estiver contaminado por moralismos, não sairemos dos casos concretos e seremos incapazes de superar a observação de que a justiça penal falha há 43 anos.”
Será possível os governantes do nosso País escutarem por 5 minutos o Professor Nuno Garoupa? Não perdiam nada e o nosso País ganhava muito. Acreditem em mim.