Os três principais clubes do futebol Português divulgaram na passada terça-feira as suas contas anuais e respectivos resultados operacionais. Todos os emblemas se encontram em falência técnica, ou seja, mesmo que todo o activo fosse vendido, o valor arrecadado não seria suficiente para pagar a divida global. O problema mais grave do Benfica está sobretudo relacionado com a dimensão enorme do seu passivo, o que obriga, a que todos os anos, uma fatia enorme das despesas esteja consignada ao pagamento de juros. Neste caso, e à semelhança do Porto, os encarnados têm vindo a cumprir o serviço da divida com recurso a novos empréstimos obrigacionistas, pagando taxas de juro verdadeiramente proibitivas. Por seu lado, Sporting e especialmente o Porto, embora possuam um passivo bastante inferior ao do Benfica, apresentam desequilíbrios preocupantes, entre as receitas e despesas correntes, vivendo claramente acima das possibilidades. Com as recentes renovações contratuais operadas no Sporting que implicaram aumento salariais brutais para jogadores, como Wiliam Carvalho, Slimani, João Mário e para o treinador Jorge Jesus. Além disso, as contratações de jogadores com experiência e algum mercado internacional, com especial destaque para Ruiz e Aquilani também contribuíram para a duplicação dos gastos com pessoal na presente temporada. O Porto, apesar de apresentar uma ligeira melhoria nesta rubrica, é de longe o clube que despende maior valor com o pagamento do pessoal, associado a salários exorbitantes de jogadores conceituados como Casilhas, Brahimi ou Martins Indi. Ambos os clubes encontram-se numa situação bastante delicada, estando fortemente dependente da obtenção de receitas extraordinárias para cobrir os desequilíbrios orçamentais. As receitas são manifestamente inferiores aos proveitos, mesmo em épocas excepcionais na liga dos campeões, o que requer uma forte contracção das despesas e do investimento realizado e mesmo assim tenho muitas dúvidas que os passivos dos três grandes sejam geríveis, durante a próxima década sem uma ampla reestruturação. Como resultado, Porto e Sporting apresentam um “gap” entre despesas e receitas correntes na ordem dos 25 a 30 milhões de euros, o que acrescido do pagamento de juros torna as suas contas verdadeiramente insustentáveis, a menos que todos os anos sejam gerados recordes de mais-valias com a venda de activos, nomeadamente jogadores. Algo que para além de puder não se concretizar, ainda está longe de constituir uma boa prática de gestão. Nos próximos anos, o grande desafio das três direcções será conseguir manter a competitividade dos planteis, efectuando uma politica de contenção orçamental e de austeridade.
João António do Poço Ramos, Póvoa de Varzim, contacto: 912621217 Nº 13751679