Passamos a vida a ouvir falar em competitividade ou na falta dela.
Porque não somos competitivos?
Em termos de salários, o país tem recursos humanos altamente qualificados e com baixas renumerações. Todos investimos na universidade para assim termos mão-de-obra qualificada.
E que vimos? Uma geração que recebe salários competitivos. Ao mesmo tempo nada se investiu na mudança estrutural da economia para assim criar trabalho. Alguém tem que colocar este desafio na agenda rapidamente.
A ultima década mais não foi do que ficar para trás em relação aos nosso “parceiros” europeus em termos de ordenados. Mesmo isso acontecendo, o desemprego não diminuiu nem a competitividade aumentou. Tempos havia em que “gozávamos” os países de Leste europeu que contavam com uma mão obra semi-escravizada.
Hoje, os salários dos trabalhadores do Leste já são comparáveis com os nossos.
Todos foram avançando no seu processo evolutivo, nós ficamos à espera na ultima década que as coisa de resolvessem por elas.
Alguns governantes ainda pensavam e continuam a pensar que o nosso país deveria e ou deverá competir neste mercado global por via de mão-de-obra barata. Ou seja, que deveria reduzir ainda mais o custo do trabalho para as empresas. Mas a minha dúvida (ou não) é a seguinte: somos mesmo assim tão caros?
Tentei ver alguns números e verifiquei que existe uma diferença significativa em cada hora de trabalho médio. Já não falo da comparação com os nossos parceiros europeus mais ricos, porque aí existe um fosso enorme. Só para ter uma ideia, o trabalho de um norueguês custa cinco vezes mais.
Entre os países europeus, o nosso país já tem dos custos mais baixos, ficando muito abaixo da média europeia. Ou seja, os custos elevados da mão-de-obra mais não é do que um mito que nos querem fazer crer. Nós, portugueses, como sempre aceitamos serenamente o que nos dizem e ou o que nos querem “vender”.
Portugal ignorou muitos dos nossos recursos enquanto os habitantes dos países de leste desenvolveram-nos, usando (muito bem) os subsídios e fundos europeus que nós estragamos, e começaram a entrar por aqui adentro.
Resultado disto tudo: nós paramos, eles evoluíram com toda a velocidade e eficácia.
Para agravar ainda mais, o custo taxado ao trabalho é muito elevado em Portugal. Ou seja, apesar de ser (muito) mais baixo, uma grande fatia vai para a segurança social e outros encargos. Ficando os trabalhadores a descontar sobre os baixos rendimentos dos contribuintes. Feitas as contas, o trabalhador leva para casa menos de metade do que “custou”…
Assim sendo, com “ordenados mais baratos” deveria o desemprego em Portugal descer. Mas não é isso que acontece. A par de uma economia muito fragilizada pela crise económica, temos anos e anos de más políticas.
Para resolver uma série de problemas estruturais, Isto só lá vai com competência, que nitidamente os nossos líderes não possuem. Subsistem os problemas crónicos.
O custo para as exportações não está na prática de ordenados justos e devidamente renumerados, mas sim com a nossa desvantagem que são os custos com transportes eficientes, electricidade a preços aceitáveis e impostos suportáveis. Assim Portugal nunca será minimamente competitivo.
Estes (grandes) problemas estruturais não são verdadeiramente combatidos. Para isso era necessário que os nossos políticos estivessem empenhados em resolver, o que efectivamente não acontece com esta classe política ineficiente.
Entretanto vamos assistindo às previsões “prestigiadas” como FMI ou a OCDE que cada cavadela cada minhoca: Não acertam uma.
Vamos insistindo autoritariamente no trabalho barato, e assobiado para o lado, ficando para depois os outros factores.
Jorge António Pinto Madureira