O córtex pré-frontal é a região do cérebro responsável por estabelecer a ligação entre as emoções e o processo de tomada de decisão dos seres humanos. Os indivíduos que possuem esta região do cérebro dilatada tendem a ser mais impulsivos, eufóricos e a sobrestimar a realidade. Neste patamar incluo o governo Português e especialmente António Costa, que apresentando os referindo sintomas, continua a defender junto de Bruxelas que Portugal irá cumprir o défice orçamental, baseando-se em previsões excessivamente optimistas do lado, da receita, despesa, investimento e exportações. Em contrapartida, a insula anterior, localizada na zona lateral do encéfalo, tem como função moderar o impacto das emoções do processo de tomada de decisão. Neste caso, os indivíduos com esta área do cérebro mais desenvolvida tendem a ser pessimistas e cautelosos, apresentando um estado próximo da depressão. Estas parecem-me ser as características dos nossos parceiros europeus e sobretudo da Alemanha, que continuam a exigir medidas adicionais de consolidação orçamental independentemente dos dados da execução orçamental estarem em linha com o previsto ou do impacto potencialmente recessivo de tal estratégia.
Ambos sofrem daquilo que em psicanálise se designa por “tunelamento”, ou seja, a tendência humana de concentração nos pequenos problemas de curto prazo, em detrimento dos grandes desafios de médio e longo prazo. No caso, da Comissão Europeia ao concentrar os seus esforços e atenções nuns parcos pontos percentuais do défice, acaba por ignorar questões bem mais relevantes como o Brexit, a crise dos refugiados, o abrandamento da China e as graves e enormes deficiências do sistema bancários dos países da zona euro. De igual forma, o executivo português, demasiado ocupado com o cumprimento do défice orçamental, continua a não apresentar uma estratégia concertada de longo prazo que permita promover o crescimento económico, tornar a divida externa sustentável e as finanças públicas equilibradas.