Sobre a Liberdade existem muitas afirmações. Uma, das mais comumente repetida, é “a minha liberdade termina quando começa a do outro”, como se a liberdade fosse assim uma espécie de gozo à vez, em fila indiana, delimitada pela pessoa que nos antecede e pela que nos sucede nesse exercício gozoso. Recuso essa afirmação, ou como dizia o outro, essa afirmação “é cena que não me assiste”.
A minha liberdade não termina quando começa a do outro. A minha liberdade tem que coexistir com a do outro. É essa coexistência que dignifica a liberdade, porque só o é alicerçada no respeito do outro e só na coexistência colectiva é que se realiza na sua plenitude.
Há, também, uma tendência errada de associar Liberdade a Democracia. Embora a primeira seja condição sine qua non para a existência da segunda, não são sinónimos. A Liberdade resulta de uma conquista, de um impulso primordial, a Democracia resulta de uma longa aprendizagem. O 25 de Abril trouxe-nos a Liberdade mas não nos ensinou a Democracia. E isso nota-se muito. Boa Páscoa.