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BPI perde “galinha dos ovos de ouro”

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A desagregação da holding do BPI em Angola marca o inicio do processo de venda das operações do banco naquele país, indispensável para assegurar o reforço de capital, exigido pelo BCE e pelos acordos de Basileia. Porém, uma componente extremamente significativa dos resultados líquidos do grupo resultam da sua actividade no exterior nomeadamente em Angola. Relembre-se que o BFA representa cerca de 50% do “corpo accionista” do BPI contribuindo, só em 2015, em 135 milhões de euros para os resultados operacionais da instituição, que atingiram um total de 236 milhões de euros em 2015. Além disso, os rendimentos gerados pelo mercado accionista angolano rondaram os 32%, muito acima do valor dos 5,2% registados pelo instituição em Portugal. Num contexto de taxas de juro historicamente baixas e de margens operacionais “miseráveis”, o BFA constitui uma fonte de rentabilidade segura para o BPI, que dificilmente poderá ser suplantada pelo Caixa Bank. Com a venda do BPI aos espanhóis, são esperados milhares de despedimentos e o encerramento de centenas de balcões de norte a sul do país, uma vez que, a direcção do Caixa Bank já prometeu baixa o rácio custos/rendimento, dos actuais 74%, para um nível inferior aos 50%, em menos de três anos.

Desta forma, com a venda da “galinha de ovos de ouro” da instituição, o BPI encontra-se numa situação bastante frágil e no futuro terá, seguramente dificuldades em gerar resultados líquidos positivos e distribuir dividendos pelos accionistas contribuindo para a degradação do valor das acções e consequentemente do próprio banco.

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