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As cinco faces da direita

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  1. Negação (noite de 4 de outubro até 26 de novembro, 2015): o resultado obtido a 4 de outubro foi uma vitória. Sim, perdemos 700 mil votos e 25 deputados. Sim, é um dos piores resultados da direita desde 1976. Sim, é a primeira vez que o PSD e o CDS concorrem juntos sem obter uma maioria absoluta (como em 1979 e 1980). Mas temos mais votos que o PS. Vamos governar. Existem convenções constitucionais que forçam o PS a viabilizar o nosso governo (apesar de nunca o PS ter viabilizado um governo minoritário do PSD). O PS bom vai ajudar-nos (Francisco Assis e Sérgio Sousa Pinto são a nossa referência no PS) e viabilizará o XX Governo. O Presidente da República é o nosso homem e jamais dará posse a um governo com apoio dos comunistas e dos bloquistas. Eles nunca chegarão a qualquer acordo.
  1. Raiva (26 de novembro ao Verão, 2016): o XXI Governo roubou a legislatura. Não vai durar. Vem aí a maior catástrofe económica do século. O OE16 não passa. A UE não deixa passar o OE16. Os mercados vão rebentar com a dívida. O OE17 não passa. A UE não deixa passar o OE17. O cataclismo aproxima-se. Tudo correrá mal a este governo.
  1. Negociação com a realidade (Verão, 2016): isto está para durar, mas a culpa é da oligarquia que apoia o PS, da comunicação social que tudo branqueia, dos sindicatos que não mobilizam as greves para atrapalhar o governo, dos idiotas úteis que afastam os 700 mil eleitores em vez de aceitarem naturalmente que nós somos a única alternativa responsável, das sondagens que são todas falsas. A austeridade continua, mas os eleitores são tão burros que por um punhado de euros (porque as devoluções de rendimento são ridículas) votam no PS. Mas quando os eleitores perceberem o que aconteceu, eles voltarão para nós arrependidos. Quando o XXI Governo terminar, voltaremos a ter uma grande maioria.
  1. Depressão (Outono, 2016): não só isto pode durar toda a legislatura, como continuamos a perder votos nos Açores e nas sondagens. Provavelmente, teremos uma derrota nas autárquicas do próximo ano, mas uma derrota tolerável, normal. Nada de muito profundo (apesar do resultado de 2013 ter sido o pior desde 1976). Nada que ponha em causa a nossa estratégia e as nossas lideranças. O país não nos merece. O país é de esquerda. A classe média desistiu e entregou os pontos à esquerda. A UE traiu-nos e afinal tolera a pouca vergonha deste governo. Os mercados financeiros satisfazem-se com o BCE e afinal não vão rebentar com este governo.
  1.  Aceitação (talvez em 2017): ou mudamos de vida, e muito, ou vamos estar na oposição muitos anos.

 

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