O ministro das finanças alemão veio a público divulgar a existência de um plano de resgate a Portugal. As subsequentes reacções foram exageradas e apresentam alguma insensatez. Como é óbvio, estes programas foram realizados para todos os países periféricos e apenas serão aplicados numa situação de emergência. Apesar da eminente saída do Reino Unido da União Europeia, não existem grandes ameaças à capacidade de financiamento da economia portuguesa nos mercados financeiros, uma vez que o programa de compra de activos do BCE continua a assegurar taxas de juro acessíveis. Porém, o que mais me preocupa foi o tom utilizado pelo ministro das finanças, ao proferir, primeiro em discurso e depois em comunicado divulgado à imprensa, que caso Portugal não cumpra os acordos, será severamente punido. Repare-se que independentemente das necessidades ou da evidência económica, o que interessa é castigar os países, que divergem da corrente ordoliberal que impera no seio da comissão europeia, em vez se tentar encontrar um caminho solidário de apoio aos Estado em dificuldades. Pelos vistos, o Brexit não contribuiu para alterar o modelo de gestão da União Europeia, antes pelo contrário. Com as necessidades de apoios evidentes para a banca nacional, temo, que António Costa seja fortemente pressionado para adoptar mais medidas de austeridade, sem que tal se justifique. A Europa continua em contraciclo e o poder de compra apenas se encontra, em média 2% acima dos valores de 2008. Pelo contrário, os substancialmente mais endividados Reino Unido, Estados Unidos e Japão, possuem um poder aquisitivo 16% acima dos níveis pré-crise, embora apostando em politicas contra cíclicas e de expansão da procura. Infelizmente, no velho continente continuamos mais preocupados em castigar, penalizar e destruir as economias dos países periféricos, a expensas de uma ideologia, que subjuga tudo e todos às pretensões de uma grande Alemanha.
As ameaças de Schauble
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