Penso que as pessoas se devem manifestar quando pensam que algo de errado está a ser feito. Não tenho nenhuma simpatia pelo Movimento Defesa da Escola Ponto, que confesso estar a provocar imenso ruído, a confundir e a atrasar o necessário debate sobre Educação. Mas têm esse direito e respeito o que resolveram fazer.
Ontem ouvi de passagem numa rádio que o Movimento Defesa da Escola Ponto tinha colocado 40.000 pessoas em Lisboa: sabendo que isso são números anunciados pela organização, imaginei que o real andaria por metade. De imediato achei estranho porque, atendendo à determinação que os líderes do movimento demonstravam, esperava muito mais.
De facto, fazendo fé nos dados sobre escolas com contrato de associação revelados pela CNE, existem 45.633 alunos abrangidos por esses contratos. Que universo de pessoas isso significa? Ora, se cada aluno mobilizar 3 pessoas em média (pai, mãe e um irmão, por exemplo) isso significa qualquer coisa na ordem de 4*45.633 = 182.532 pessoas. Se a isso juntarmos os professores, pessoal auxiliar e administrativo, etc., o universo de possíveis interessados na manifestação de Lisboa seria +/- 200.000 pessoas, ou talvez um pouco mais. Isto significa que em Lisboa teriam estado, a confiar nos números apresentados, +/- 10% (tendo por base a minha estimativa descontando os exageros normais de quem organiza) ou +/- 20% (confiando no número da organização) do universo de pessoas envolvidas por contratos de associação. Pareceu-me logo na altura algo estranho, por escasso.
Mas hoje, em viagem, e porque estava intrigado com o facto de a malta do Movimento Defesa da Escola Ponto não gostar do Google Maps, fui ao Google e verifiquei a área em frente à AR – Assembleia da República. Usei o espaço todo que aparece nas fotos do Movimento Defesa da Escola Ponto.
E o que é que obtenho? Cerca de 4.000 m2 de área. Ora, olhando para as fotos, podemos estimar que estariam 2 pessoas por m2. Isso daria 8.000 pessoas na manifestação. Mas, sem medo e abrindo a boca, vamos admitir que estavam 4 pessoas por m2. As fotos não evidenciam isso, mas vamos admitir esse número.
Admitindo – sem conceder, como se diz em linguagem jurídica – uma densidade de 4 pessoas por m2, isso resultaria numa mobilização de qualquer coisa na ordem das 16.000 pessoas. Em qualquer dos casos muito longe das 40.000 pessoas anunciadas pela organização. Na verdade, o número correto deve estar entre 8.000 e 16.000. Façamos a média: 12.000 pessoas. Para onde foram as outras 28.000 pessoas que a organização da manifestação jura que estiveram em Lisboa?
Percebo agora por que razão o referido movimento não gosta do Google Maps. Ele é como o algodão… não engana, nem deixa enganar.
🙂