Depois de ouvir os discursos das comemorações do 25 de abril chego inevitavelmente à mesma conclusão de anos anteriores: temos uma esquerda idealista-romancista e uma direita realista mas marcadamente ressabiada.
O clima de crispação introduzido nos discursos não é aceitável. O ressabiamento político são per si o maior dos exemplos da tal infantilidade democrática que hoje se proclamou.
A forma como a atual direita parlamentar trata o 25 de abril é a tradução política de porque é que hoje não temos um governo de coligação de direita.
O problema do PSD e do CDS são as pessoas, os seus direitos e as suas condições. É uma chatice isto da alternância democrática quando não se percebe para que serve o governo, o parlamento e as políticas fundamentais.
Aliás, isto da liberdade é uma enorme chatice para algumas aves raras do meu partido que detestam estar ali sentados no meio de tanto cravo. A social democracia perde quando não tem representantes à altura destas ocasiões.
Mas a democracia também perde quando o sistema de justiça abafa listas de nomes envolvidos no saco azul do grupo Espírito Santo. Grande liberdade esta.
Em resumo, mais um 25 de abril sem grande novidade. Até o Marcelo já não supreende de tão abrangente e arrasador que é (a avaliar pelos aplausos que colheu de todo o hemiciclo).
Aquele abril com que partiu
um passado cinza escuro
é o mesmo abril que pariu
um presente sem futuro.
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Logo a meia-noite bateu
estralejaram os foguetes
como quem não esqueceu
precisasse de lembretes!
Exaurido de cerimónias
pagas sempre do seu bolso
o Zé ficou com insónias
sabendo não ter reembolso
e mais revoltado volveu
o corpo p'ro outro lado
na cama há muito deitado
onde revirou acordado
penando pelo voto dado
a quem tudo prometeu.
Sande Brito Jr
Aquele abril que enterrou / um passado cinza escuro / é o mesmo que nos mostrou / um presente sem futuro
A memória aborrece
para trás daquele abril
como agora acontece
depois de mentiras mil
Todo o dia que amanhece
não nos traz bom auguro
pois o Povo só conhece
mais presente sem futuro
Lembramos com amargura
os tempos da ditadura.
Mas a esperança amanhecia.
Veio sol de pouca dura.
Foi passada uma factura
em nome de democracia.
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Alguns no topo consomem
e estão bem na alta finança.
Na base, milhões não comem
e já lhes levaram a esperança.
Sande Brito Jr
Obrigado pelo seu comentário e pela riqueza das palavras escritas.
VINTE E CINCO...E DEPOIS
Anteontem, foi dia de comemorar,
mais uma vez, o que é passado
e como vai sendo constância,
para manter o povo acostumado,
mais discursos de circunstância.
Eles ganham p'ra comemorar,
desengane-se o enganado;
não conheceram a elegância
de fazer, honrando, o estipulado
porque o fito é só ganância.
Eles não vão lá p'ra trabalhar,
parece que vão para a estância
marcam presença sem horário
ou, até, mesmo à distância
de casamento ou aniversário.
Eles vão p'ra lá p'ra roubar,
o que levam como salário.
Trabalho, foi no escritório.
Lá, p'ra cumprir o horário
basta passar no refeitório.
Eles vão lá p'ra bem treinar,
o discurso que nada diz
p'ra voltarem a comemorar
mais cravos sem raiz!
Sande Brito Jr
E há tanto por fazer!
O que nos diz a Felicidade
ABRIL 27, 2016 JOÃO RAMOS
Num estudo recente sobre os níveis de felicidade dos Europeus apurou-se que a felicidade está fortemente correlacionada com o rendimento, a qualidade dos serviços públicos, a limpeza das cidades e inclusivamente a idade. Por isso, não será de estranhar que apenas Portugal e a Grécia tenham apresentado níveis de felicidade inferiores, aos que foram registados em 2007. Ao contrário do que acontece na generalidade dos países europeus, o aumento da idade torna os portugueses mais infelizes. Estes dados evidenciam, a degradação das condições de vida sobretudo das populações mais idosas, reflectindo-se em cuidados de saúde precários, distantes, fracas acessibilidades e equipamentos de apoio, como elevadores ou rampas, que assegurem uma velhice confortável. Além disso, a redução do rendimento é uma condicionante muito importante, uma vez que após a saída do mercado de trabalho, este decaí de forma mais acentuada do que no centro e norte da Europa, a que acresce a subida natural dos encargos com tratamentos de saúde e medicação, obrigando a cortes acentuados, noutras rubricas como a alimentação, roupa ou actividade de lazer, o que contribuiu para a infelicidade desta faixa da população. Dado o envelhecimento da população portuguesa, esta tendência deverá agravar-se e por isso, justifica-se a criação de um plano de médio e longo prazo incidindo sobre os problemas das faixas da população mais idosa.