Os principais defensores da saída do Reino Unido da União Europeia, com Nicolas Farage líder do UKIP e Boris Johnson Mayor de Londres à cabeça, não desenharam um plano ou cenário alternativo para as relações futuras com os seus parceiros europeus, o que demonstra uma irresponsabilidade enorme. Após conhecerem-se os resultados do referendo, ambos, incapazes de lidar com as consequências do resultado, foram os primeiros a saltar “fora do barco”; o primeiro demitindo-se do seu partido e o segundo rejeitando peremptoriamente substituir o ex-primeiro ministro David Camaron. Este contexto revela a qualidade paupérrima da nova vaga de políticos e partidos europeus, assentes no populismo e no extremismo, como forma de capitalizarem o apoio do eleitorado. Evidentemente que uma decisão com um impacto tão grande na vida de milhões de pessoas, não pode ser tomada, com esta leviandade.
Num mundo globalizado, as relações comerciais não irão ser cortadas, embora as restrições que impostas, sobretudo ao nível alfandegário terão graves consequências para a economia britânica. Agora, tudo depende do acordo que for alcançado com a união. Existem dois modelos possíveis: o modelo norueguês (contribui para o orçamento comunitário tanto como um membro e cumpre a regra de ouro: Livre circulação bens, capitais e pessoas) ou o modelo canadiano (não abrange grande parte de bens e serviços financeiros). Tendo em conta os motivos que levaram ao brexit, o modelo norueguês está fora de questão, uma vez que permaneceriam as ameaças inerentes aos fluxos migratórios e o canadiano, não é suficiente para manter a economia britânica à tona. Ainda assim, existem forte possibilidades, de um partido ou candidato pró-europeu vencer as eleições, revertendo a decisão do referendo, ou voltando a sondar a opinião pública, até que seja encontrada a decisão “correcta”. No entanto, duvido que os nossos parceiros europeus, sobretudo a Alemanha e a França, não procurem retirar alguma vantagens, de um possível volte-face, pressionando ainda mais o Reino Unido a seguir o caminho via federalismo.