Blogue Insónias

A Europa entregue à Espuma dos Dias e aos Populistas

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A reação de Jean-Claude Juncker ao Brexit, bem como de alguns comissários (incluindo, infelizmente, Carlos Moedas), mostra bem a péssima escolha que foi para Presidente da Comissão Europeia. Simplesmente não está à altura da responsabilidade que tem, nem sabe qual o papel que deve desempenhar. A enorme confusão em que está a Europa precisa de bom senso, liderança e determinação. Não precisa de populistas que saltam para o microfone mais próximo e dizem coisas sem pensar e que nem compreendem.

Como se pode entender a reação de Jean-Claude Juncker quando ele está a falar de um país (o Reino Unido – RU) que:

  1. É só a 2ª economia da Europa e a 6ª do mundo;
  2. Faz parte do G7 (depois G8) e é membro do Conselho de Segurança da ONU;
  3. É líder da Commonwealth – a organização de países mais extensa do mundo;
  4. É um dos principais destinos de exportações dos países europeus;
  5. Tem uma relação privilegiada com os EUA;
  6. É uma das 2 potências nucleares da Europa;
  7. É membro fundador da NATO, tendo assinado em 1948 o Tratado de Bruxelas com a França, Holanda, Bélgica e o Luxemburgo.

O resultado de tudo isto será uma negociação longa, bem mais longa do que o previsto no artigo 50 do Tratado de Lisboa (como se apressou a salientar, e bem, a Angela Merkel), que permitirá ao RU manter-se no mercado único, com livre circulação de bens e pessoas, negociando a sua forma de associação à UE. Terá um outro resultado, esse bem mais discutível e que merece reflexão profunda, que será o reforço do papel da Alemanha na UE.

Os populistas, os políticos que vivem na espuma dos dias, já se esqueceram que existiram outros referendos sobre a construção Europeia – como aqueles que se realizaram em 2005 na França (29 de Maio) e na Holanda (1 de Junho), nos quais esses países rejeitaram o projeto de Constituição Europeia que tinha sido ratificado pelos outros 25 estados membros – e que foi com tudo isso, com a ausência de reflexão e raciocínio estratégico, e com a ausência de líderes que a Europa se começou a desmoronar e se colocaram em causa as motivações para a construção da UE.

 

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