O historiador Rui Ramos escreve uma crónica surreal no Observador intitulada “Dar Corda a António Costa“, onde desenvolve uma teoria que eu denominaria como “a teoria da doença redentora”. Já antes se tinha usado, em Portugal e na Europa, uma teoria muito menos sofisticada denominada a teoria da vacina. Foi aplicada no caso grego e tinha como objetivo desincentivar qualquer outro país de “desobedecer” ou sequer “questionar” as regras do Eurogrupo.
Na nova teoria, testada em Portugal, aquilo que se chama a “geringonça” é identificado como uma doença grave que trará grandes males a Portugal e aos portugueses. Mas, contrariamente ao que seria de esperar de uma oposição consciente e centrada no interesse de Portugal, não se propõe nenhum antibiótico nem nenhuma terapia de emergência. Não. A ideia genial desta teoria é deixar o paciente – isto é, todos nós – adoecer gravemente, passando os dias a apontar detalhadamente as maleitas de que ele sofre, castigando-o assim ainda mais. Quando o paciente, exausto e muito combalido, reconhecer a genialidade dos promotores desta ideia e estiver genuinamente arrependido de não lhes ter dado 90% dos votos, então aí estarão vingados e muito satisfeitos. Se o paciente morre ou não no final, ou fica gravemente debilitado, isso não é parâmetro desta teoria. O que interessa é demonstrar que se tinha razão e retirar ao paciente qualquer veleidade de no seu tempo de vida fazer mais algum disparate como, por exemplo, pensar pela sua própria cabeça.
Genial.
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